“Durante os debates parlamentares que conduziriam ao diploma sobre a interrupção voluntária da gravidez, o Presidente afirmou o critério do como se faz lá fora (as "boas práticas europeias"). Perante a Lei Orgânica da GNR, socorreu-se também desse critério. Mas já perante o Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado e demais Entidades Públicas, que estaria esmagadoramente apoiado no critério do "como se faz lá fora", este - e a filosofia que lhe subjaz e que a justificação do veto acolhe - cede perante argumentos técnicos ou conjunturais, como a impossibilidade de quantificar as futuras responsabilidades do Estado, a ameaça aos 3% de Bruxelas ou a sobrecarga dos nossos tribunais. O que daqui resulta não é claro, nem para os cidadãos, nem para os parlamentares que votaram unanimemente o diploma. (Com a excepção do deputado Marques Guedes, que manifestou logo a sua enorme alegria por ver vetada uma lei que votou. E de Marques Mendes e Miguel Macedo, que, nas suas críticas ao Governo, encontraram sábias lições nos três vetos presidenciais - e portanto também no veto dessa lei que apoiaram).
Também nas declarações avulsas a doutrina não é clara. Já nem falo do facto de Cavaco ter por norma invocar que "não deve o Presidente da República pronunciar-se" sobre o que lhe é perguntado, para outras vezes - e sem que as diferenças sejam esclarecidas -se pronunciar, mais detalhadamente até do que lhe é solicitado. Os jornalistas têm disso larga experiência. Mas aqui o caso é sobretudo outro. É que, se, para os que destruíram um milheiral em Silves, "a lei é para ser cumprida" (e muito bem), já quando Alberto João Jardim recusava, em termos de inaceitável insubordinação institucional, aplicar à Região Autónoma da Madeira uma lei da República, os cidadãos recalcitrantes foram por ele remetidos para os tribunais.”
Artigo de opinião de excelencia, põe em claro as contradições do presidente,escrito por um lúcido pensador que admiro.
ResponderEliminarConvém ler : OS POBRES QUE PAGUEM A CRISE! Por Alfredo Barroso
ResponderEliminarsorumbatico.blogspot.com
Eu bem dizia há uns tempos: a dupla de betão começa a apresentar fracturas.
ResponderEliminarVamos lá ver quem apanha com a enxurrada nas trombas.
De facto que o nosso PR não prima pela coerência e entra várias vezes em contradição utilizando 2 pesos e 2 medidas!
ResponderEliminarLamentavelmente ou talvez inevitavelmente a "oposição" coloca-se no papel de bobo da festa(mas alguém leva esta cambada a sério?), ao votar favoravelmente um diploma e congratular-se com o veto do PR!
É a escola da coerência do PSD com interpretes mais ou menos mediocres e outros (tb mediocres mas muito populares) q são o expoente desta escola desde Cavaco a Jardim passando por Marcelo e Mendes!