quinta-feira, março 11, 2010

Bruscamente no Verão passado




O Presidente da República repetiu ontem que as “escutas” a Belém, noticiadas pelo Público no Verão passado, eram uma “invenção”. Sabe-se que Cavaco tanto diz isso como logo a seguir (ou logo antes) insinua o contrário (à SIC disse que atafulhou Belém de “especialistas” para o resguardarem dos hackers). Mas já conhecemos as biografias e as autobiografias de Cavaco para saber que essa é a sua forma de estar na política.

Acontece que esta conspiraçãozinha de que o Público foi o autor material fez duas vítimas: precisamente, José Manuel Fernandes, ex-director do Público, e Luciano Alvarez, ex-editor de política do mesmo jornal. O que é extraordinário é que, tendo ambos sido abandonados à sua sorte pelos autores morais da conspiraçãozinha, se prestem aos maiores vexames sem um leve gemido. Zé Manuel poderia recordar a declaração de Cavaco em que ele se enterrou até ao pescoço, Luciano poderia recitar umas passagens soltas dos dossiês que a Presidência da República faz (e lhe fez chegar). Mas não. Estes cidadãos, com uma participação cívica notável (nas redes sociais) , assobiam para o lado como se não tivessem nada a ver com o assunto. Porquê, Zé Manuel? Porquê, Luciano?

PS — Se as duas vítimas da inventona de Belém pensam que matam o assunto fingindo-se de mortos, estão enganados: esse será terá de ser um dos temas-chave da próxima campanha presidencial. Como Manuel Alegre o diz aqui.

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