Marcelino a pão e vinho

Para se engraxar as botifarras do poder, não se pode dar lustre a mais — e convém estar atento à realidade. Marcelino, olha bem o que disseste:

‘A boa notícia é que, formalmente, Pedro Passos Coelho não anunciou ontem mais nenhum aumento de impostos, conforme reclamação do CDS-PP.’

É verdade, a TSU faz parte, em rigor, da parafiscalidade e não da fiscalidade. Portanto, a boa notícia para o director do DN é que Passos Coelho e Paulo Portas não o enrabaram, foram-lhe "formalmente" só ao cu (e estou certo que todos os leitores aceitarão que, num dia como o de hoje, use estas expressões).

“Depois da reclamação do Presidente da República, a que os juristas do Tribunal Constitucional deram seguimento (…).”

Marcelino, a “reclamação” não foi do Presidente da República, mas de um grupo de deputados, sob o impulso de Alberto Costa. Acresce que o Tribunal Constitucional terá “juristas”, mas a deliberação é dos juízes.

‘Cavaco Silva pode, pois, para já, reclamar que a "equidade" está reposta.’

Cavaco pode dizer tudo e o seu contrário, como é seu hábito. Mas a “equidade” não está reposta. Os trabalhadores do Estado e os pensionistas continuarão sem dois subsídios, os trabalhadores do sector privado ficarão sem um subsídio, porque o Governo os quer obrigar a doá-lo aos respectivos patrões e o capital não vê agravada sua tributação (antes pelo contrário).

‘O fio condutor do discurso do primeiro-ministro fará consenso entre a maioria dos portugueses (…).’

Ó Marcelino, por que não experimentas dar uma volta a pé pela cidade?