• Pedro Adão e Silva, O novo mundo do protesto [na última edição do Expresso]:
- '(…) há um conjunto de ilusões associadas a estas novas formas de participação.
A primeira das quais é a ilusão criada pelas redes sociais. O Facebook, os blogues e o Twitter potenciam formas de expressão política ambicionadas há séculos – não intermediadas, diretas e individualizadas. Mas se estas formas de participação podem ser muito expressivas, não são, no entanto, capazes de funcionar como válvulas de escape para o descontentamento. Pelo contrário, as redes sociais acabam por funcionar como repositórios de tensões e ressentimentos, em lugar de promoverem a sua superação.
Mas, talvez, a maior das ilusões se prenda com o efeito das novas manifestações. Seja nas redes sociais ou, hoje, nas ruas do país, a força dos protestos não se traduz em mudança política efetiva. Não apenas porque há contradições politicamente insuperáveis entre quem se manifesta, mas, no essencial, porque não há (ainda) quem interprete os protestos e quem os traduza num programa político alternativo.
Não nego a importância do protesto baseado na recusa do que existe, mas, sem alguém que o represente organicamente, a sua eficácia é reduzida. Ora, o problema é precisamente esse: as formas tradicionais de representação de interesses já não são vistas como representativas, mas ainda não foram encontradas novas formas, capazes de organizar a mudança. O que só consolida a natureza radicalmente nova da crise que enfrentamos.'
Exactamente! Depois do 2 de Março, o quê se nem a múmia de Belém reaje ao que o povo triste, desiludido,esvaziado de esperança e ânimo, veio manifestar para a rua? E os partidos já pensaram no que fazer para que o povo volte a acreditar que são úteis e que estão ao seu serviço e não a servirem-se daquilo que ao povo pertence? Como dizia um cartaz na manif de Sábado: "não estou indignada, estou furiosa"!
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