sexta-feira, julho 19, 2013

"O funcionalismo público passará a ficar com o pior de dois mundos"

• Filipe Nunes, Custe o que custar:
    ‘O processo de convergência total das regras do setor público com as regras do setor privado pode não ser um exclusivo português, mas não deixa de ser, por isso, um autêntico retrocesso civilizacional. O funcionalismo público passará a ficar com o pior de dois mundos: emprego simultaneamente precário e mal remunerado. É certo que existiam no Estado português subsistemas de saúde e proteção social e regras de aposentação injustificáveis. Mas essas situações de iniquidade foram corrigidas em devido tempo. Do que se trata agora, como titulava há dias o "Diário Económico", é de aplicar aos funcionários públicos as regras de despedimento do setor privado, exatamente o contrário daquilo que, em campanha eleitoral, nos tinha sido dito.

    A chamada "reforma do Estado" resume-se afinal a um objetivo de poupança de 1.324 milhões de euros. Pelo meio, lança-se a confusão e colocam-se trabalhadores e desempregados do privado contra "os privilegiados" do setor público. Mesmo que à custa disso se ponha em causa uma das poucas vantagens comparativas que ainda tínhamos em relação à Grécia: alguns centros de excelência e carreiras qualificadas na administração pública. A mensagem é clara: no admirável mundo novo que aí vem, só "um falhado" é que vai querer servir o Estado. A austeridade é para continuar, custe o que custar.’

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