
2. Não é a primeira vez que é criado o cargo de vice-primeiro-ministro nos 39 anos de democracia. Antes, porém, o cargo tinha uma natureza simbólica, uma espécie de ministro de Estado reforçado. Aconteceu com Freitas do Amaral nos governos de Sá Carneiro (em que era também ministro dos Negócios Estrangeiros) e de Balsemão, com Mota Pinto (e depois Machete) no governo do bloco central e com Eurico de Melo num dos governos de Cavaco (em que chegou a abraçar a pasta da Defesa).
No caso da recauchutagem em curso do Governo, é diferente. Portas assume a coordenação política da reforma do Estado, do relacionamento com a troika e dos assuntos económicos.
3. Assim sendo, para além de o CDS-PP manter a pasta da Agricultura e da Segurança Social (a que parece que se soma a do Trabalho), Paulo Portas passa a dirigir as pastas da Economia, da reforma do Estado (até aqui entregue a uma secretaria de Estado de Vítor Gaspar) e de tudo o que tenha a ver com a troika — das “reformas estruturais” (na Saúde, na Educação, na Segurança Social, no Emprego, na Justiça, na Defesa Nacional, etc.) ao “ajustamento” do défice e da dívida.
4. Neste contexto, a nomeação da Miss Swaps como ministra de Estado e das Finanças é um logro. Maria Luís Albuquerque tomou posse como ministra e vai exercer funções de subsecretária de Estado de… Portas.
5. Portas, que foi relegado por Gaspar para os países com moscas, poderá agora fazer a sua estreia na Europa. Quem representará Portugal nas reuniões do Ecofin e do Eurogrupo?
6. Por exclusão de partes, Passos Coelho irá coordenar as funções de soberania, a Educação, a Saúde, a Cultura, o Ambiente e os Transportes (se este sector não ficar na Economia). Resta saber o que acontecerá à gestão dos fundos comunitários.
7. Aqui chegados, que acontecerá ao ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares e ao ministro Adjunto do Primeiro-Ministro (a quem cabe a coordenação política do Governo)? Reportarão a Passos Coelho ou a Portas? E quem brifa Pedro Lomba para os aguardados briefings? O Paulinho das feiras?
8. Resta saber o futuro do Moedinhas, conhecido no seio do Conselho de Ministros como o “grilo falante da troika”, e dos boys que povoam a ESAME, que poderão ter a concorrência da malta do Caldas ainda não colocada.
9. Este governo é uma matrioshka: abarca no seu seio outro governo. Haverá um conselho de ministros autónomo para os assuntos económicos?
10. Passada a fase do fanatismo ideológico, a coligação de direita quer entrar na fase do pragmatismo: ir tão longe quanto a corda esticada o permitir, mas sem a deixar partir.
11. Para isso, a quota dos “independentes” é reduzida e o Governo vai recrutar nos aparelhos da São Caetano e do Caldas (por mais que alguns pareçam vir da sociedade civil).
12. Num certo sentido, o anúncio da morte do passismo não é manifestamente exagerado: há um reforço de cavaquistas e barrosistas na fragilizada quota do PSD.
13. Nesta partilha de poder à mesa do Orçamento, o desemprego, o empobrecimento e a degradação das condições de vida em geral são olhados como danos colaterais.
14. Juntar num mesmo cocktail a amoralidade de Paulo Portas à falta de auto-estima de Passos Coelho é uma mistura explosiva.
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¹ Governo de iniciativa presidencial (reconstruído).
É tudo DISSIMULAÇÃO e FINGIMENTO.
ResponderEliminarA pasta dos fundos comunitários vai para o bolso de quem desde o inicio sempre a cobiçou : o cervejeiro e amigos.
ResponderEliminarPensavam que tinha sido um lambuzar no pote com Socrates? Meus amigos, ainda não viram nada...
Há facções que não hesitam em transformar uma missa numa manifestação partidária.
ResponderEliminarE se Igreja consente sem reagir, será a única a perder...
A igreja prestou-se ao serviço porque é assim que têm de ser. É assim que sempre foi neste país : igreja e direita de mãos dadas. Ambos gostam e ambos estão felizes desde ontem, pois tudo voltou a ser como sempre foi, os 40 anos de interregno de revolucionárias ideias modernistas ficaram para trás. Agora sim, temos pátria, igreja e familia de novo! Tudo está bem e como manda a lei de deus!
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ResponderEliminarO Portas vai "mandar" mas é na pilinha dele.
Foi ensaboado com mais algumas palhinhas das grossas mergulhadas no melaço mauis fundo, mas "mandar", tá quieto!
Para isso está lá a Dona Suápia, ao serviço da Tríade.
O Portas esgotou a sua manilha seca, agora vai fazer uma vazas de palha e depois começa a ver o chão a fugir-lhe...
É ele e o Seguro. Estão amarrados para todo o sempre à sorte do carcereiro Passos e do carrasco Cavaco. O problema vai começar quando os figurantes todos tomarem conta do "plateau" e derem um chuto na "equipa técnica" e nos "artistas" todos!
Temos Filme, para a "rentrée". E que Filme.