quarta-feira, outubro 08, 2014

O moralista incorrigível

• Miguel Romão, O moralista incorrigível:
    «(…) Quem mais que o primeiro-ministro Cavaco Silva alimentou a tal clique de base partidária, dependente de um partido e do Estado e da confusão entre estes? Quem mais que Cavaco Silva, primeiro-ministro e líder do PSD, contribuiu para o ambiente de enfraquecimento da qualidade dos quadros políticos, suspeição generalizada e criou condições para a promiscuidade excessiva entre vida partidária e actividade empresarial? E o que fez para o evitar? Quem mais que Cavaco Silva se fez rodear de políticos profissionais, que lhe tomavam conta do partido e das suas sombras sem molestar o professor e a sua imagem pública de messias inquestionável?

    Cavaco nunca superou aliás os traumas das manchetes de "O Independente", como se viu no passado domingo, que lhe levaram quase meio governo, muitas delas por boas razões. E tem razão quando diz que muita gente não está para correr o risco de ser vilipendiada nas capas dos jornais, para mais muitas vezes sem haver lugar a um efectivo direito de defesa e de contraditório. Mas esse confronto mediático é próprio das democracias e não representa nenhuma novidade, mesmo se bom seria que as regras próprias de um Estado de direito fossem mais seriamente observadas na manipulação recíproca e universal entre imprensa e políticos.

    (…)

    Cavaco Silva surge, também aqui, sempre pronto a assobiar para o lado, comentando as suas próprias responsabilidades como se fossem de outros. Se num dos tais inquéritos de opinião lhe perguntassem pela actuação do Presidente da República, não hesitaria em desancá-lo. Afinal há que pôr isto com dono.»

3 comentários :

Anónimo disse...

Moral cavaquista: a minha carreira, o meu dinheirinho, os negócios do meu genro para a minha filha ser rica, eis o meu trabalho ciclópico e o exemplo que eixo.

arebelo disse...

Os inimagináveis dez anos de má política como primeiro ministro e os dez como alegado chefe de Estado já classificados como do piorio desde 1910,bastam para o definir e para afirmar que falar do coiso nem que seja para o criticar-que mais poderia ser?-é uma enorme perda de tempo até porque nem o "emplastro"das televisões precisa de qualquer outro esclarecimento.

Anónimo disse...

Qualquer notícia sobre o inquilino de Belém deveria ter como título ou subtítulo ou advertência:
'Das origens do regabofe ou como a versão moderna do ouro do Brasil foi pelo cano'

Ângelo