Até agora, a ideia circulava por meias palavras e em voz baixa: o caso Sócrates já terá ido tão longe que não há outro remédio senão condenar o ex-primeiro ministro a uma pena pesada. Luís Osório, director do jornal i, tem a vantagem de, ao não ser especialmente rebuscado, sustentar esta posição sem artifícios:
- «É uma situação complexa, que, sem paradoxo, é de uma enorme simplicidade. A maior de todas as fragilidade de Sócrates é que qualquer outro cenário que não a sua culpa é mais grave para o regime que a sua inocência. No dia em que saísse do tribunal como inocente, o custo seria altíssimo. Esta é a questão central desde o início do processo; a sua culpa fará com que o país lamente profundamente que um primeiro-ministro tenha traído a sua confiança, mas a sua inocência fará com que a democracia seja corrompida por uma dúvida que trará o caos e a incerteza. Não há meio-termo. No primeiro caso, a democracia fortalecer-se-á. No segundo, ficará envenenada.»
Para salvar o que designa por «democracia», Luís Osório não hesita: — Deixem-no a apodrecer nas masmorras de Elvas. E sem se inquietar, faz a pergunta que perpassa pela cabeça do leitor e dá de imediato a resposta: «É injusto? Só [sic] se Sócrates estiver inocente.»
Hoje, sem fazer cálculos a tão longo prazo, o Público, num editorial intitulado Porque respira ainda [sic] Sócrates, alerta que, com as eleições à porta, «todos preferem ignorar que o preso 44 do estabelecimento de Évora ainda respira», como que a convidar a Justiça a ir mantendo o caso em lume brando.
É neste quadro que os portugueses foram notificados pelo Correio da Manha de que José Sócrates continuará em prisão preventiva. All's Well That Ends Well.

O problema são os cidadãos como eu para quem já não é possível acreditar numa condenação mesmo que ele seja culpado!
ResponderEliminarDepois de todas as ilegalidades e infamias já não é possível a nenhum cidadão consciente e honesto acreditar em qualquer sentença que o condene !
Suponho que isto também se chama "caos e incerteza", ou acham que não ?
E que se acham estão redondamente enganados e cedo ou tarde serão confrontados com isso.
Não é a simples declaração de culpa ou inocência de José Sócrates que revelará a turvidez ou salubridade da nossa democracia e das suas instituições. São a clareza do racional que fundamenta as decisões tomadas e os esclarecimentos para os torpedeamentos ao normal funcionamento da justiça em cada fase do processo. Por exemplo, vai ser interessante saber o que é que se descobriu na fase de inquérito que não poderia ter sido descoberto com os arguidos em liberdade. Ou saber como é que os despachos do juiz chegam às bancas de jornal antes de serem levados ao conhecimento formal dos interessados. Começa a ficar um bocado tarde para sair deste buraco sem que seja uma grande surpresa não se revelar uma monstruosidade mediatico-judicial e política sem precedentes.
ResponderEliminarEstou inteiramente de acordo com o que diz o comentador acima, sou também dos que não acredito em culpa de Sócrates e muito menos que seja condenado e digo mais é mais que tempo de se criar um movimento dos indignados e forçar a derrocada de este bloco de bloqueio que se está a servir de Sócrates para corromper e apodrecer a democracia.
ResponderEliminarSe este homem for condenado sem provas só para salvar este regime que alimenta esta justiça trágica escondida artás de uma democracia,nunca mais voto e prefiro viver numa ditadura pura e dura.Pelo menos numa ditadura sei com aquilo que conto e posso usar as mesmas armas.Por que é que os partidos ditos democráticos que só existem porque este regime democrático lhes permitiu, PS;BE e PCP entre outros pactuam com esta infame cilada à democracia.Por táctica politica bem sei,mas em democracia não vale tudo. Não vêem que estão a destruir tudo aquilo que o povo e a sociedade em geral construiu desde o 25 de Abril.Sócrates independentemente da da situação em que ficares depois deste processo ignóbil ficarás sempre como o melhor 1º Ministro que Portugal já teve.Tenho a certeza que ainda te vais levantar e lutar pelos ideais da igualdade fraternidade e justiça social em que sempre te empenhaste.Nessa hora eu e muitos outros que acreditam na tua inocência estaremos na 1ª linha.Os melhores momentos democráticos ainda estão para vir.Um bem aja à tua pessoa.
ResponderEliminarAssino por baixo estas declarações. Somos/devíamos ser um estado democrático em que a justiça se limita a cumprir a leu e não uma democracia das bananas.
EliminarO que se passa?
ResponderEliminarEstamos no Processo de Kafka"
Para onde caminhamos?
Quem nos salva?
Luís Osório? De que picha terá fugido este espermatozóide? Só pode ter saído da verga do Pôncio Pilatos,o democrata que condenou Jesus Cristo à crucificação.És um erro humano, meu rapaz. Vai mas é a caminho do médico. Mostra-lhe a cabeça e diz-lhe que sentes o cabelo a crescer para dentro.Um dia destes mando-te a fotografia do Hitler a inaugurar um campo de concentração.
ResponderEliminarNa aflição em que ficou, esta aventesma que escreveu este "Como evitar o caos e a incerteza", esqueceu-se que existem TRIBUNAIS INTERNACIONAIS como por exemplo o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
ResponderEliminarUma chatice ter de lembrar a esse exemplar cidadão e jornalista que o plano dele para "evitar o caos e a incerteza" condenando a uma "pena pesada" um cidadão mesmo que ele esteja inocente BATERÁ DE FRENTE com os tribunais internacionais.
Pois é, a coisa nunca ficará silenciada aqui na parvónia.
HELAS ! Nunca será possível silenciar para sempre o homem "na masmorra de Elvas" !!!
O quê? A VERDADE tem de vir ao de cima. O mais rápido possível. Inadmissível, sequer passar pela cabeça de quem quer que seja,que assim não aconteça. A verdade! A verdade, pela aplicação da Lei e dos princípios do Estado de Direito. Nem mais. Pelo respeito pela dignidade das pessoas, de todas as pessoas. É o que se espera. É o que tem de ser. Caso assim não seja - ou as evidências continuarem a apontar nesse sentido - tem de ser criado um movimento de indignados, o mais depressa possível. As eleições não podem ocorrer em clima de sombras
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