domingo, novembro 02, 2008

Conversa de café aos repelões




Entrevistar uma senhora que está zangada com o mundo não é tarefa fácil. Mas se essa senhora revelar, para além da sua proverbial má disposição, sérios problemas de sintaxe, entrevistá-la transforma-se numa tarefa ciclópica. Vale a pena ter ouvido Manuela Ferreira Leite na TSF e ver o trabalhão que deve ter dado ao DN converter aquelas frases sem princípio, meio e fim num discurso legível.

Não me esqueço que, se tivesse sido o PNR (ou o Dr. Portas) a falar dos imigrantes de Cabo Verde ou da Ucrânia, teria havido um coro de protestos. Também não me esqueço que Ferreira Leite voltou a dizer barbaridades sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e sobre a sua intenção de revogar a lei do divórcio.

Mas o que ressalta da entrevista é a inconsistência de Ferreira Leite em relação a temas que aparentemente tinha obrigação de conhecer.

Na mesma entrevista, Ferreira Leite começa por dizer uma coisa e acaba a dizer outra. Por exemplo, relativamente ao Orçamento do Estado para 2009, a líder do PSD começa por defender o aumento do défice para acolher as propostas do PSD: “Aumentava o défice. Está em 2,2%, podia perfeitamente passar para 2,6%.” Num outro passo da entrevista, já não quer o aumento do défice, porque corta nas obras públicas, como, por exemplo, no TGV ou no aeroporto de Alcochete (a construir por fases): “como não contemplaria aqueles projectos de investimento público, essas minhas propostas significam alguns quilómetros de auto-estrada. E, portanto, já pode ver que cortaria [nas obras] e poderia manter o défice nos 2,2%.

É estranho que uma economista como Ferreira Leite continue a desconhecer que não estão previstos para o próximo ano dotações significativas para as obras públicas que tanto a atormentam: o aeroporto de Alcochete custa zero (0) em 2009, a alta velocidade tem um orçamento de 14,4 M€ e as novas concessões rodoviárias não têm qualquer impacto orçamental.

A verdade é que, se Ferreira Leite revela, num terreno que deveria dominar, uma estranha ignorância, em grande parte da entrevista a líder do PSD limita-se a reconhecer que não sabe ou que não tem dados para emitir uma opinião sobre os mais variados temas.

Mas o momento mais alto da entrevista acontece quando é questionada sobre se, após a aprovação do Orçamento do estado para 2009, pretende regressar ao silêncio dos conventos. A resposta revela que Manuela Ferreira Leite não tem qualquer estratégia (ou ideia) para o PSD:
    Não sei quais os assuntos que vão surgir na opinião pública, não sou capaz de visionar isso. Não vou inventá-los, com certeza, mas vou estar presente e a falar em todos aqueles momentos em que eu considere que os portugueses devem ser esclarecidos e devem perceber qual é a posição do PSD. Não falarei empurrada, nem ficarei calada só porque acham que eu falo de mais.”
Abençoada senhora.

2 comentários :

Anónimo disse...

Uma desgraça. só um "milagre" pode salvar esta velhinha.

Anónimo disse...

"Casamento" entre pessoas do mesmo sexo...?! Por favor...
Chame-lhe o que quiser, mas casamento...não!
Casamento é entre pessoas de sexo diferente, como sempre foi. Agora, esta "modernidade", este desvario homossexual, é um ajuntamento...