terça-feira, novembro 29, 2011

Está bonita a festa, pá [3]



Depois de o Presidente da República ter considerado Passos Coelho e Vítor Gaspar ignorantes e de Durão Barroso ter sustentado que o ministério de Crato não fazia uma consolidação orçamental inteligente, é a vez de outra figura da direita, o conselheiro de Estado Vítor Bento, afirmar que esta gente que nos governa — os estarolas da São Caetano, capitaneados pelo terrível Ângelo, de mãos dadas com a rapaziada de borracha do Caldas — está, mais do que afectada pela ignorância, impregnada de um “fundamentalismo moralista”:
    ‘Esse fundamentalismo não só é perigoso, do ponto de vista prático - pelas consequências potencialmente desastrosas a que pode conduzir -, como é moralmente errado, porque assenta num vício de raciocínio. O vício desse fundamentalismo consiste em supor que, recusando-se escolher um dos males, se isenta da responsabilidade moral pelas consequências supervenientes. Ora, este é um entendimento profundamente errado do dever moral. Sempre que se está perante uma escolha, está-se perante uma decisão ética (por natureza e definição), não existindo, por isso, nenhum caminho moralmente desresponsabilizante. Mesmo a suposta "não escolha" é sempre uma escolha e influencia o curso dos acontecimentos. Constitui, por isso, responsabilidade moral para quem a pratica. Mais concretamente e no caso em que se esteja perante dois males, a recusa de escolher activamente o mal menor, implica irrecusavelmente a escolha - "passiva", mas escolha! - do mal maior. A responsabilidade pelo resultado é, pois e sempre, moralmente iniludível, por mais que se pretenda purificar a atitude de recusar escolher. Pense-se no que teria acontecido à Europa e ao Mundo, se as democracias ocidentais tivessem recusado o mal menor - aliança com Estaline - na segunda guerra mundial…’

3 comentários :

Luís Lavoura disse...

Li cuidadosamente o artigo de Vítor Bento e não vejo que ele diga nada disso sobre o atual governo português. O que ele diz refere-se à escolha que o Banco Central Europeu tem que fazer. Sobre a governação portuguesa, ele apenas diz, de forma bem clara, que ela terá que prosseguir uma política de consolidação orçamental.

Anónimo disse...

Oh Lavaoura, pense lá 2 vezes.

Anónimo disse...

Vitor Bento está a criticar a posição do duo Merkosy e por arrasto a posição de passos coelho que parece ser, neste momento na europa, o único que ainda apoia o duo infernal no caminho que aquele está a seguir.
Que portugal tem de seguir o caminho da austeridade ninguém põem em causa. Mas há um senão : o caminho que está a seguir agora não é o da austeridade, é o do suicidio completo. É um mal maior do que os males que quer corrigir.É a escolha errada. E a história fará de facto justiça com quem escolhe errado.