domingo, março 11, 2012

‘Caricatura dos colunistas que ficaram sem assunto quando Sócrates desapareceu da vida pública’

Pedro Marques Lopes, O ódio e a política:
    1. (…) Não, não pode ser. Cavaco Silva não pode estar a transformar-se numa caricatura dos colunistas que ficaram sem assunto quando Sócrates desapareceu da vida pública e que subitamente deixaram de escrever ou falar sobre política para se dedicarem a assuntos "mais elevados".

    Não, o Presidente da República não pode estar a pensar em concorrer com pasquins que descobriram que a simples menção do nome Sócrates lhes faz subir as vendas, mesmo que seja preciso mandar às malvas as mais básicas regras da decência e que confundem jornalismo com insídia e desprezo pelos mais simples direitos de personalidade.

    Não, Cavaco Silva não pode estar a pensar que ao pôr em causa o antigo primeiro-ministro compra alguma simpatia do actual Governo, numa altura em que as relações entre Passos Coelho e ele estão tão debilitadas, para ser austero nas palavras, e em que é notório que as soluções advogadas pelos dois não podem ser mais díspares. Passos Coelho estará até a pensar nos "Roteiros" do Presidente quando deixar de ocupar São Bento...

    Não, o Presidente da República não pode imaginar que tirando o esqueleto de Sócrates do armário faz esquecer episódios como o das pensões ou o das escutas. Nós até estávamos dispostos a esquecer esses dislates, mas era por propósitos bem mais altos e bem mais importantes.

    Não, Cavaco Silva não pode estar a embarcar na nau dos infelizes que é capaz de culpar Sócrates pela chuva na eira ou pelo sol no nabal.

    Não, não é possível que o nosso representante desça a esse nível.

    Mas, afinal, que objectivo quis o Presidente da República atingir com aquele texto ressabiado a tresandar a ajuste de contas? (…)

    2. O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público obteve o patrocínio de várias instituições financeiras para a realização do seu Congresso.

    Francisco Proença de Carvalho, na sua página do Facebook, resumiu exemplarmente a situação e a sua gravidade. Escreveu o advogado: "Se o sindicato do Ministério Público lhe pedisse um patrocínio, recusava?"

    Como disse João Palma ao Expresso sobre investigações que não deram em nada: pois...’

1 comentário :

Rosa disse...

Admiro P. Marques Lopes pelo seu desassombro...ele que confessa publicamente ter votado no PSD...
As pessoas mais esclarecidas e corajosas começam a dar conta do logro em que caíram votando no partido maioritário e que, hoje, nos governa...tal como PML, muita gente deve sentir a mesma desilusão.