segunda-feira, setembro 28, 2015

Mentiras, mentiras, mentiras


• António Correia de Campos, Cantata em eme:
    «(…) Mentira. Toda a história da chamada da Troika foi cultivada num caldo de mentira: a crise internacional de 2008 nunca existiu, foi apenas nacional; o PEC 4, apesar de aprovado por Bruxelas, pelo Banco Central Europeu e por Merkel em pessoa, era excessivo. Com os votos contranatura da ultra esquerda, o governo Sócrates caiu e a Troika tornou-se inevitável; apesar da satisfação de Passos e Catroga com o desfecho, e depois de se gabarem de ir além da Troika, ao fim de três anos ela tornou-se incómoda e renegada, passando para o PS a canga da chamada. Os erros e excessos, uns de fé cega, outros de incompetência, desgraçaram a economia, agigantaram o desemprego, desmantelaram a coesão social, forçaram a emigração qualificada, ampliaram a pobreza, alienaram da cidadania os mais fracos e menos vocais. Foram destruídos 420 mil empregos, criando-se apenas 130 mil, 2/3 dos quais a prazo. Como bem assinalou Fernanda Câncio, o Governo impôs cortes para 2015 a todas as pensões acima de mil euros, bem como 10% de punção às pensões da Função Pública acima de 600 euros; tentou reduzir, logo a partir de 2014, as pensões de sobrevivência. Toda a classe média baixa seria afectada. O Tribunal Constitucional opôs-se a essa sangria. À sua recusa e à reposição do 13º e 14º mês se deve a ténue recuperação económica. O ódio destilado contra o Tribunal Constitucional transformou-se em sanha contra os mais pobres, no corte dos apoios: entre 2011 e 2015, 63 mil perderam o abono de família, 69 mil perderam o complemento solidário para idosos e 112 mil perderam o rendimento social de inserção. De forma vil lançaram a comparação errada de universos diferentes: os seiscentos milhões de cortes em pensões a que o governo se obrigou com Bruxelas são 2,4 milhares de milhões em quatro anos, mas os 250 milhões anuais variáveis passaram a ser 1.050 milhões. Incauta e pouco atenta, a media engoliu o engodo. E o PS, o defensor último do Estado Social, passou a vilão da fita. Em vez de se preocuparem com a correção dos números e conceitos, muitos criticavam o PS por não vencer as barreiras que eles próprios lhe erguiam. Assistiram ao mal e colaboraram na caramunha. (…)»

1 comentário :

Anónimo disse...

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