Os sucessivos governadores do Banco de Portugal têm algo em comum. Quando aparecem em público de rompante é porque vem aí tormenta: — Os portugueses vivem acima das suas possibilidades. Há que cortar nos ordenados, há que restringir o crédito! Proclamam-no sem que a voz lhes trema, mesmo quando se sabe que o actual governador aufere rendimentos que fariam inveja a Alan Greenspan. No fundo, dizem-nos: — Vocês vivem acima das vossas possibilidades, mas nós não! E têm razão.
As remunerações dos membros do conselho de administração do Banco de Portugal são fixadas, de acordo com a alínea a) do art. 40.º da Lei Orgânica, por uma comissão de vencimentos. E quem Luís Campos e Cunha, o então ministro das Finanças e ex-vice-governador do Banco de Portugal, nomeou para o representar e presidir a tal comissão? O ex-governador Miguel Beleza — que, como adiante se verá, e caso o regime da aposentação dos membros do conselho de administração também lhe seja aplicável como ex-governador do Banco, poderá beneficiar dos aumentos aprovados para os membros do conselho de administração no activo. Um mundo fechado a intrusos.
Mas tão relevantes como os rendimentos que auferem, são as condições proporcionadas pelo Banco de Portugal no que respeita à aposentação e protecção social dos membros do conselho de administração.
O regime de reforma dos administradores do Banco de Portugal foi alterado em 1997, para “acabar com algumas regalias excessivas actualmente existentes.” Ainda assim, não se pode dizer que os membros do conselho de administração tenham razões de queixa. Com efeito, logo no n.º 1 do ponto 3.º (com a epígrafe “Tempo a contar”) das Normas sobre Pensões de Reforma do Conselho de Administração do Banco de Portugal se estabelece:
As remunerações dos membros do conselho de administração do Banco de Portugal são fixadas, de acordo com a alínea a) do art. 40.º da Lei Orgânica, por uma comissão de vencimentos. E quem Luís Campos e Cunha, o então ministro das Finanças e ex-vice-governador do Banco de Portugal, nomeou para o representar e presidir a tal comissão? O ex-governador Miguel Beleza — que, como adiante se verá, e caso o regime da aposentação dos membros do conselho de administração também lhe seja aplicável como ex-governador do Banco, poderá beneficiar dos aumentos aprovados para os membros do conselho de administração no activo. Um mundo fechado a intrusos.
Mas tão relevantes como os rendimentos que auferem, são as condições proporcionadas pelo Banco de Portugal no que respeita à aposentação e protecção social dos membros do conselho de administração.
O regime de reforma dos administradores do Banco de Portugal foi alterado em 1997, para “acabar com algumas regalias excessivas actualmente existentes.” Ainda assim, não se pode dizer que os membros do conselho de administração tenham razões de queixa. Com efeito, logo no n.º 1 do ponto 3.º (com a epígrafe “Tempo a contar”) das Normas sobre Pensões de Reforma do Conselho de Administração do Banco de Portugal se estabelece:
“O tempo mínimo a fundear pelo Banco de Portugal junto do respectivo Fundo de Pensões, será o correspondente ao mandato (cinco anos), independentemente da cessação de funções.”
Que significa isto? Um membro do conselho de administração toma posse num belo dia e, se nessa tarde lhe apetecer rescindir o contrato, tem a garantia de uma pensão de reforma vitalícia, porque o Banco se compromete a “fundear” o Fundo de Pensões pelo “tempo mínimo (…) correspondente ao mandato (cinco anos)”. O lema do conselho de administração do Banco de Portugal bem poderia ser: “Trabalhe um dia, receba uma pensão de reforma vitalícia e dê a vez a outro.”
Acresce que houve o cuidado de não permitir interpretações dúbias que pudessem vir a prejudicar um qualquer membro do conselho de administração que, “a qualquer título”, possa cessar funções. O n.º 1 do ponto 4.º das Normas sobre Pensões de Reforma dissipa quaisquer dúvidas:
Acresce que houve o cuidado de não permitir interpretações dúbias que pudessem vir a prejudicar um qualquer membro do conselho de administração que, “a qualquer título”, possa cessar funções. O n.º 1 do ponto 4.º das Normas sobre Pensões de Reforma dissipa quaisquer dúvidas:
“O Banco de Portugal, através do seu Fundo de Pensões, garantirá uma pensão de reforma correspondente ao período mínimo de cinco anos, ainda que o M.C.A. [membro do conselho de administração] cesse funções, a qualquer título.”
Quem arquitectou as Normas sobre Pensões de Reforma pensou em tudo — até na degradação do valor das pensões. É assim que o n.º 1 do ponto 6.º estabelece:
“As pensões de reforma serão actualizadas, a cem por cento, na base da evolução das retribuições dos futuros conselhos de administração, sem prejuízo dos direitos adquiridos.”
E o esquema foi tão bem montado que as Normas sobre Pensões de Reforma não deixam de prever a possibilidade de o membro do conselho de administração se considerar ainda válido para agarrar uma outra qualquer oportunidade de trabalho que se lhe depare. Para tanto, temos o ponto 7.º, com a epígrafe “Cumulação de pensões”, que prevê: “Obtida uma pensão de reforma do banco de Portugal, o M.C.A. [membro do conselho de administração] poderá obter nova pensão da C.G.A. ou de outro qualquer regime, cumulável com a primeira (…).”
Mas há mais. O ponto 8.º dispõe que o “M.C.A. [membro do conselho de administração] em situação de reforma gozará de todas as regalias sociais concedidas aos M.C.A. e aos empregados do Banco, devendo a sua pensão de reforma vir a beneficiar de todas as vantagens que àqueles venham a ser atribuídas.”
Não há dúvida de que quem elaborou as Normas sobre Pensões de Reforma do Conselho de Administração do Banco de Portugal fez um excelente trabalho. Pena é que não tenha igualmente colaborado na elaboração do Código do IRS, de modo a compatibilizar ambos os instrumentos legais. Não tendo acontecido assim, há aquela maçada de as contribuições do Banco de Portugal para o Fundo de Pensões poderem ser consideradas “direitos adquiridos e individualizados dos respectivos beneficiários” e, neste caso, sujeitas a IRS, nos termos do art. 2.º, n.º 3, alínea b), n.º 3, do referido código. No melhor pano cai a nódoa.
ADENDA — Um leitor reproduziu hoje, 1 de Dezembro, na caixa de comentários, um artigo do Público sobre as pensões de reforma dos membros do conselho de administração do Banco de Portugal, assim com um extracto do editorial assinado por José Manuel Fernandes, que analisa também a questão das reformas no Banco de Portugal.
Mas há mais. O ponto 8.º dispõe que o “M.C.A. [membro do conselho de administração] em situação de reforma gozará de todas as regalias sociais concedidas aos M.C.A. e aos empregados do Banco, devendo a sua pensão de reforma vir a beneficiar de todas as vantagens que àqueles venham a ser atribuídas.”
Não há dúvida de que quem elaborou as Normas sobre Pensões de Reforma do Conselho de Administração do Banco de Portugal fez um excelente trabalho. Pena é que não tenha igualmente colaborado na elaboração do Código do IRS, de modo a compatibilizar ambos os instrumentos legais. Não tendo acontecido assim, há aquela maçada de as contribuições do Banco de Portugal para o Fundo de Pensões poderem ser consideradas “direitos adquiridos e individualizados dos respectivos beneficiários” e, neste caso, sujeitas a IRS, nos termos do art. 2.º, n.º 3, alínea b), n.º 3, do referido código. No melhor pano cai a nódoa.
ADENDA — Um leitor reproduziu hoje, 1 de Dezembro, na caixa de comentários, um artigo do Público sobre as pensões de reforma dos membros do conselho de administração do Banco de Portugal, assim com um extracto do editorial assinado por José Manuel Fernandes, que analisa também a questão das reformas no Banco de Portugal.
Estou sem palavras ....
ResponderEliminarDepois desta, ou fecham o blogue ou fecham o País.
ResponderEliminarQuem disse que não havia bons empregos ???????????
ResponderEliminarE melhores reformas ainda ???? Somos uns parvos, umas bestas.
ResponderEliminarIsto não é uma pensão, é um MENSALÃO.
ResponderEliminarO IRS parece ser a cereja em cima do bolo.
ResponderEliminarVolta Mónica, tás perdoada ! Larga o SNS e casa comigo ! Já amanhã se não tiveres julgamentos marcados !
ResponderEliminarIsto é assim em Portugal:
ResponderEliminarEste é o País dos espertos que nada têm a ver com o que os rodeia.
"Nada os liga às vidas acabadas!"
Os portugueses que têm ordenados e pensões no limiar da miséria, os portugueses que emigraram e todos os contribuintes que se levantam de manhã e vão para os empregos que ainda restam, deviam fazer o quê?
Continuar a votar?
Pagar impostos?
Transferir dinheiro para Portugal?
Investir em novas empresas?
Mas por alma de quem?
Porra, uma só palavra, gritada: PORRA. Isto é demais.
ResponderEliminarO quê ???????????????????????
ResponderEliminarEu tb quero . Juro que só lá fico meio dia . NÃO INCOMODO NINGUÉM !
ResponderEliminarZeus nos acuda!
ResponderEliminarQuem prte e reparte e não fica com a melhor parte... Eles não são tolos.
ResponderEliminarNão sei se v/ vai sobreviver, amigo Abrantes, mas se o apoio moral servir de alguma coisa fique a saber que estou consigo!
ResponderEliminarServiço público. Obrigada.
ResponderEliminarTambém fiquei sem palavras...
ResponderEliminarParabéns pelo conteúdo do seu blog. É de gente corajosa que Portugal precisa para pôr a descoberto estas situações incriveis.
ESPECTACULAR!!!
ResponderEliminarJá sei qual é a verdadeira profissão do Miguel. Postaria. Um post incrvelmente bem feito. Divino! Uma coisinha daqui, outra dacolá, e lá vai ele, desbravando, desbravando ...
Mas há que dizer algumas coisas mais. Todos reconhecem que devemos ter bons quadros em certos sectores da AP. O DGF não ganha 25 mil e não dizem que o vale bem. Se o BP é o BP não pode ser muito inferior aos outros, senão vai para lá, quem??!!... Hmm?...
Francamente. É tudo sobre a autoridade monetária de Portugal.
ResponderEliminarNov 30, 11:59:39 PM
ResponderEliminarHá sempre uns palermas que gostam de ser comidos e re-comidos, sempre com um sorriso palerma a deformar as beiças...
Inacreditável. Este país está na mão de chicos espertos intelectuais.
ResponderEliminarMas isto é um roubo. Alguém tem que fazer qualquer coisa. Espero que os jornalistas venham ler este blog .
ResponderEliminarBoa anoite querido Miguel :
ResponderEliminarÉ só para avisar que a tua mãe acabou de vomitar esporra.
O pessoal da Justiça chegou e fez mudar o comentário que queria fazer.
ResponderEliminarOlha Abrantes, os meus sinceros parabéns !
Isto é que é gente empreendedora. Se fossemos todos assim o país tava rico. Sempre me pareceu que esse Constâncio, esse Beleza aquele Cunha que foi por engano para o governo, é gente que sabe o que faz.
ResponderEliminarFoda-se, Abrantes, foste longe demais.
ResponderEliminarOs teus mandantes não queriam isso.
És um piço (e até rima).
Não distingues entre gente "cá da malta" e os outros, os das corporações.
És uma besta ! Não tarda nada estás despedido.
Ó Abrantes
ResponderEliminarAinda levas no cú como dantes?
Ou continuas a levar
Para fininho cagar?
É que teces para aqui uma teia
que não passa de diarreia!
Julgas-te esperto e sabido
E não não passas de um vendido!
Ó Abrantes
ResponderEliminaralguém te paga para isto e para o resto.
Fazer o que fazes neste blog requer "trabalho" a tempo inteiro.
O que significa que é daqui que retiras a tua fonte de rendimento.
Assim já se percebe toda a caca que aqui escreves.
Encomendada pela gentalha abjecta que se diz política.
Prestas um mau serviço ao país.
És na verdade uma bosta!
Mas uma bosta com olhos.
O que faz de ti um sapo.
E um xico-esperto.
Pode ser que alguém te espete com um estadulho nos cornos
ou pelo cú acima. Neste caso até podias gostar, até porque se diz que continuas a gostar de levar no cú como dantes, ó Abrantes.
Salvaguardar um futuro anunciado. Estes são os senhores que apregoam as virtudes do privado e defendem a privatização dos serviços públicos, os mesmos que difundem a idea incorporada no comentário do anónimo que disse "Sector público, obrigado", que acabo de ler. Só que estes senhores ganham duplamente: uma ao servirem os interesses dos que ganharão quando tal acontecer - quem ganhará os concursos, se os houver, claro, de concessão de serviços públicos ao sector privado? As clientelas políticas, evidentemente. E ganham também desta forma, quando conseguirem o que querem, vender tudo a si mesmos e a quem os sustenta, estarão salvaguardados.
ResponderEliminarIsto é revoltante, assim como é revoltante ver quem não tem nada a ganhar com isto, como estes senhores têm, a defender o mesmo que eles. Se me é permitido deixo o convite para uma visita a http://opaisdoburro.blogspot.com e a leitura de "uma certa competitividade" que escrevi há dias.
Parabéns ao Abrantes pelo artigo.
Será que há algum jornalista que dê seguimento a este post?
ResponderEliminarIsto não pode ficar por aqui.
Sugestão:
ResponderEliminar- privatizem o BP.
Sugestão:
ResponderEliminar- reestruturem o BP.
Eu fico assustuda quando constato o estado a que o meu país chegou. Isto não tem nada a ver com inveja, tem a ver com decência.
ResponderEliminarÓ Abrantes eles querem é palha, dá-lhes com fartura, não os quero vêr tisicos por falta de alimento, nem que para isso se importe palha e manjedouras da Grécia.
ResponderEliminarAlguns deles até chamam pai a quem não devem.
Quanto ás mexidordias das gentes do B.P. é pá, ó Abrantes, isso é gente de 1ª classe, lembras-te quando viajamos em 3ª, pois voltou ao mesmo.
ainda chamam á balança, Romana; tenho a certeza que quem inventou aquela jeringonça, foram os Governadores do B.P.
Ó tio Abreu, dá cá o meu.
Ò tempo, volta para tráz,
traz-me o Botas de volta
O Público traz uma notícia sobre este tema.
ResponderEliminarDurante dois anos e três meses servi no Exército Português na ex-colónia da Guiné.
ResponderEliminarA pressão psicológica desses dias e o péssimo clima dessa ex-colónia brindaram-me para toda a vida com algumas mazelas que me retiraram alguma qualidade de vida.
Todos os meus camaradas desse tempo, com os quais reúno todos os anos num jantar de confraternização se queixam do mesmo (uns mais outros menos).
Não somos casos únicos, somos dezenas de milhares que hoje, de uma forma ou de outra ainda sofremos na pele esses anos desperdiçados da nossa juventude. (E que linda que ela era!!!!)
Hoje, com os diversos rumos que a vida nos deu, somos confrontados com a forma miserável com que este país trata esses seus cidadãos pagando-lhes reformas de miséria que não chegam para pagar os medicamentos que tomam apesar de terem descontado durante toda a vida.
Imaginem como me sinto ao ler o Posto do M. Abrantes.
ISTO É UMA AFRONTA A QUEM TRABALHA !
ResponderEliminarSÃO ESTES SENHORES QUE PASSAM A VIDA DA DAR-NOS LICÕES DE MORAL !
POUCA VERGONHA !
URL só disponivel por assinatura, no Público de 01-12-05 na secção de Economia.
ResponderEliminar-----------
Reformas mínimas garantidas no Banco de Portugal
Paulo Ferreira- Público
Mesmo que decidam demitir-se sem cumprir o mandato, os administradores têm direito à pensão equivalente a cinco anos no cargo.
Os administradores do Banco de Portugal têm garantida uma pensão de reforma vitalícia correspondente ao exercício de um mandato de cinco anos, independentemente do período de tempo que permaneçam na função. O regime de pensões em vigor estabelece esse padrão mínimo, mesmo que os responsáveis do banco central se demitam, por sua iniciativa, pouco tempo após a tomada de posse.
As Normas sobre a reforma dos administradores do Banco de Portugal, a que o PÚBLICO teve acesso, referem que "a constituição de direitos" resulta da nomeação para o cargo e que estes têm um tempo mínimo igual ao mandato de cinco anos, "ainda que o MCA [membro do conselho de administração] cesse funções, a qualquer título" (ver caixa com texto dos artigos relevantes).
O regime permite ainda que a pensão de reforma comece a ser recebida logo após a saída das funções de administrador, independentemente da idade do beneficiário e de possíveis acumulações com outras retribuições do Estado. Foi isso que aconteceu, por exemplo, com Luís Campos e Cunha, que deixou as funções de vice-governador em 2002, quando tinha 48 anos. A reforma que começou a receber nessa altura, cerca de 110 mil euros anuais, viria a causar polémica quando chegou a ministro das Finanças, em Março deste ano.
Em termos práticos, o Banco de Portugal coloca no fundo de pensões da instituição o montante que corresponde à reforma mínima do mandato de cinco anos e é através do fundo de pensões que os ex-administradores recebem a sua reforma.
Às questões colocadas pelo PÚBLICO e à solicitação oficial dos regulamentos em causa, o Banco de Portugal preferiu responder com uma declaração, onde refere que "as condições remuneratórias e de pensionamento dos membros do Conselho de Administração do Banco de Portugal não são definidas pelo próprio Conselho, mas por uma Comissão de Vencimentos autónoma, prevista na lei". O banco central, escusando falar do regime em vigor e preferindo apontar mudanças que poderão ocorrer, acrescenta que "as referidas condições estão em processo de alteração uma vez que duas recentes Resoluções do Conselho de Ministros sobre a matéria têm consequências para o caso do Banco de Portugal". Acresce que "o ministro das Finanças encarregou a Comissão de Vencimentos de definir um novo regime para os membros do Conselho do Banco de Portugal".
A comissão de vencimentos, de acordo com a lei orgânica do banco central, é presidida pelo ministro das Finanças, que tem por hábito nomear um representante, pelo presidente do conselho de auditoria e por um antigo governador da instituição.
As regras actualmente em vigor datam de 1998 e foram aprovadas pela então equipa das Finanças, liderada por Sousa Franco e que tinha Teixeira dos Santos, actual ministro, como secretário de Estado das Finanças.
Finanças prometem
mudanças
Da mesma forma, o Ministério das Finanças também não está disponível para revelar oficialmente as regras que estão em vigor para o cálculo dos vencimentos e das pensões do Banco de Portugal. Fonte oficial do gabinete de Teixeira dos Santos aponta também as duas resoluções do Conselho de Ministros que pretendem intervir nestas matérias. A primeira, n.º 102/2005 de 2 de Junho, reflecte a intenção de eliminar "privilégios estatutários", estabelecendo "limitações às remunerações no sector público empresarial e nos institutos públicos", nomeadamente no que respeita à "acumulação de vencimentos".
A outra, mais dirigida e aprovada em 8 de Setembro (n.º155/2005), promete novas regras para o Estatuto do Gestor Público e vai aplicar-se também ao Banco de Portugal. Essa revisão passa pelo impedimento de receber pensões de reforma antes da idade ou tempo de serviço mínimos para o efeito e vai obrigar à publicação, nos relatórios anuais de gestão das empresas e institutos públicos, do "elenco das remunerações principais e acessórias, incluindo todos os complementos remuneratórios (...), bem como os regimes de previdência e eventuais planos complementares de reforma".
No caso específico do Banco de Portugal, a nomeação do economista Miguel Beleza como representante do ministro das Finanças para presidir à comissão de vencimentos, ocorrida em Julho passado, foi acompanhada do mandato específico de "propor uma reanálise das condições remuneratórias e demais benefícios, incluindo prestações de reforma, dos membros do conselho de administração".
Contactado pelo PÚBLICO, Miguel Beleza - ex-governador do Banco de Portugal que saiu em 1994, antes da entrada em vigor deste regulamento de pensões e vencimentos - prefere não comentar os trabalhos da comissão de vencimentos antes de estarem concluídos e entregues a Teixeira dos Santos e acrescenta apenas que não poderá, nesta missão, "perder de vista o espírito e a letra" das duas resoluções do Conselho de Ministros acima enunciadas.
De qualquer maneira, eventuais alterações que venham a ser introduzidas no sentido da redução de regalias especiais terão sempre como "a salvaguarda dos direitos constituídos até 31 de Dezembro de 2005", como estabelece o despacho de Beleza. Ou seja, para cada um dos cinco actuais administradores do Banco de Portugal já nada mudará.
O editorial do José Manuel Fernandes tb aborda o tema.
ResponderEliminarAborda sim, e reza o seguinte:
ResponderEliminar2. As condições remuneratórias dos administradores do Banco de Portugal incluem um privilégio que nenhum especialista em finanças pode aceitar como justo ou sustentável no tempo: o direito a auferirem uma reforma, independentemente do tempo em que estiveram ao serviço da instituição ou da sua idade.
É certo que nenhum dos administradores actuais ou passados é responsável por tais benesses: elas foram estabelecidas no tempo das "vacas gordas" do ministro Sousa Franco. É também certo que serão revistas. Mas há que reconhecer que praticá-las é um erro grave.
Os sistemas de pensões nasceram na Alemanha no tempo de Bismarck e destinavam-se a assegurar a sobrevivência daqueles que, idosos ou incapacitados, não podiam continuar a trabalhar. Pagar reformas a quem ainda trabalha não faz sentido - faz é sentido contar com esses anos de trabalho para o cálculo da pensão quando se reformarem. Caso contrário, agravar-se-á a tendência para muitos trabalhadores se aposentarem antes dos 65 anos quando o que é necessário é que se trabalhe mais anos (o Reino Unido prepara-se para aumentar a idade da reforma para 68 anos), que os que podem continuem a trabalhar mesmo depois da idade legal da reforma e que se aceite que a uma menor produtividade nos últimos anos da vida activa possa corresponder um salário mais baixo.
Se os exemplos devem vir de cima, o sistema de pensões em vigor no Banco de Portugal deveria ser exemplar. Por isso aguarda-se com expectativa o resultado do grupo de trabalho nomeado para alterar o sistema remuneratório dos seus administradores. Pelos sinais que dará para o resto da sociedade. José Manuel Fernandes
Ó Abrantes
ResponderEliminarés um badalhoco com cara de charroco.
Tal como dantes
continua a levar no cú
ó Abrantes!!!
eheheheh
E como será na América Latina ?
ResponderEliminarCom que cara é que o Constâncio pode agora vir pedir mais sacrifícios?
ResponderEliminarDeviam pedir todos a demissão!
Lembro de há poucos meses na Assembleia da República um deputado qualquer do PC levantar a questão dos altos vencimentos dos Administradores do Banco de Portugal e o Victor Constâncio ter-lhe respondido com maus modos dizendo que ele estava a ser populista.
ResponderEliminarAinda nem se sabia das reformas vitalicias.Pouca vergonha.
Isto é um assalto à caixa forte embora sem armas. Como foi possível chegar a este ponto ? Não sei se repararam mas a posta diz que a ideia foi “acabar com algumas regalias excessivas actualmente existentes.”
ResponderEliminarANTES AINDA ERA PIOR DO QUE ISTO ???
A vida é bela .... para alguns .
ResponderEliminarHoje o jornal O Público denuncia este escandalo .
ResponderEliminarSó li os outros comentários depois de escrever o meu. Desculpem a repetição.
ResponderEliminarF*da-se para este país
ResponderEliminarO Jose Manuel Fernandes é um alinhado, alinha no partido que criou estas benesses, agora que se combate as mordomias injustificaveis, arma-se aos cucos.
ResponderEliminarTambem de devia conhecer o que se passa na RDP e na RTP.
Posto isto, admiram-se que sejamos um País de pobrezetas, enquanto uma dezena de milhares, fazem pontes e enchem o Algarve, para não falar do boom das agencias de viagem
este País não tem razão de existir
Homens como Churchill, que levou uma vida pública activa desde os 17 anos, passou e ganhou uma guerra mundial, reformou-se com uma unica reforma, tendo-se retirado para uma casa da familia da mulher e ali se entreteu a fazer pintura, sem mordomias e recusava-se a ser um mundano.
ResponderEliminarOra se fosse cá, tinha algumas 30 reformas, com direito a comendas, porra e a ser Senador.
Veja-se o Cavaco, ainda vai a caminho e já leva 3 no papo.
Um gajo que se formou á nossa custa, empregou-se á nossa custa, doutôrou-se á conta do Gulbenkian, tem soluções para tudo e nunca se engana.
Fonix
Eu sei, aonde ele não se engana, é no final do mês.
Vejam a diferença entre um Churchill e a esfinge.
Entreguem o País a um governador Inglês, são piratas, mas são mais honestos que muitos que se apresentam como serios.
Amanhã não é feriado e concerteza que o Constâncio tem lá o Público no gabinete á espera dele. depois chame os outros e peçam perdão a Portugal e aos portugueses.
ResponderEliminarProfessor Constâncio,
ResponderEliminarApesar de tudo, tinha alguma consideração por si. E tudo o vento levou....
Fique bem (com o nosso dinheiro)
Contribuinte
Mesmo que decidam demitir-se sem cumprir o mandato, os administradores têm direito à pensão equivalente a cinco anos no cargo.
ResponderEliminarQue mais nos irá acontecer ?
Aos privilégios destes o Vital não diz nada? Ficamos à espera.
ResponderEliminarA lata dos gajos é que impressiona. Andam a encher a mula e a nós mandam nos apertar o cinto que já não temos mais furos para apertar. Deviam de ser mandados trabalhar de sol a sol até pagarem o que tiraram.
ResponderEliminarAgora percebe-se porque é que o C.Cunha fugiu. Era a OTA era ... ele estava a char-se era um grande otário em reduzir a 1/3 a reformazita do BP
ResponderEliminarEsse Beleza não anda sempre a falar em redução da despesa?
ResponderEliminarContinua Abrantes. Depois de ti nada será como dantes.
ResponderEliminarHá anos, diria há 30, com os mesmos de bandalheira, que andam a comer da manjedoura e agora, atiram-se ao Vitinha?
ResponderEliminarMas querem "lavar" o que?
Alguma vez, a C.Social falou disto?
Alguma vez se falou das reformas, POR INTEIRO, aos 40 e poucos anos?
Alguma vez se falou dos mais de 150 mil professores, para um míudo não saber a tabuada, nem quem foi o 1º Rei de Portugal.
Alguma vez se falou das Off Shores?
Do Cordeiro e as "suas" farmacias de serviço?
Barafustem,protestem nos cafes, nos serviços publicos, nas farmacias, nos tribunais.
Digam em volta alta, eles são nossos empregados; nós e que lhes pagamos os ordenados, nos e que lhe mantemos o status, enquanto ha milhões de cidadãos, uns sobrevivem e outros vegetam.
Mandem fod..as elites, não valem um chavo, ganham demais para o que produzem.
PQP
Faço minhas as palavras de um comentador anterior.
ResponderEliminarContinuamos a aguardar serenamente que o sr. prof. Vital Moreira faça também um link para este post para mostrar os privilégios desta gente.
Ou os administradores e governadores do Banco de Portugal não têm privilégios?
Cá para mim que vim ver a bola o sr. comentador anterior é na vida real um sr. magistrado que não se conforma com a perda dos privilégios. O Sócrates podia nomear um destes ressabiados para a reforma do estado. Já que lhe tiraram os privilégios a ele e aos colegas dele, ele leva tudo à frente. Cão danado que não sabe a importância que tem o Banco de Portugal. Não é a mesma coisa que passar o dia a descasar casais desavindos enquanto lê o correio da manhã. Gente com valor paga-se caro.
ResponderEliminarcom a moeda única o papel do Banco de Portugal resume-se a só um, o de embrulho.
ResponderEliminarCá por mim, não sei se será magistrado ou professor.
ResponderEliminarO que sei é que o Vital Moreira tem o Banco de Portugal como um dos sponsors de um dos seus cursos de pós graduação.
Essa é que é essa.
Atão desta vez o prof. Vital não se alevanta contra os privilégios e deixa o Abrantes entregue às feras ?
ResponderEliminarBlog delicioso.
ResponderEliminarObrigada Miguel (não conheço, fica o aviso)
Apetece-me dizer o seguinte:
ResponderEliminarPassarei a dar algum crédito ao Miguel Abrantes se ler aqui algo sobre os privilégios da RTP e da RDP;
Da directores de serviços da PT;
Dos professores universitários que acumulam em turboactividade.
De alguns inspectores e acumulações de ajudas de custo.
De privilégios salariais de directores de serviços da área dos portos e navegação.
E por hoje já chega.
O ABRANTES NÃO CHEGA A TODO O LADO. DIZ-LHE O QUE SABES E DEPOIS VÊ SE ELE PUBLICA.
ResponderEliminarOs senhores aqui visados vão emitir ao menos um comunicado uma vez que não devem ter cara para aparecer em público ?
ResponderEliminarNão é o banco central europeu que manda nesta treta toda ? o BP não é uma delegação regional dele ? Um director regional pode ganhar esta pipa de massa ?
ResponderEliminarUuuuuaaaaaaa !!!!!!!!!
ResponderEliminarUuuuuaaaaaaa !!!!!!!!!
ResponderEliminar... mas trabalham muito ...
ResponderEliminarO Constâncio continua calado ?????
ResponderEliminarIsso é que é governar ó governador !
ResponderEliminarE isto é que é gozar, ó blogador!
ResponderEliminarAnonimamente...claro.
Em quem podemos confiar ?
ResponderEliminarNo blogador Miguel Abrantes, sempre!
ResponderEliminarSabe tudo, menos o que não lhe interessa.
E se o Constâncio e os otros muchacos dela administration do BP também fizessem greve contra o fim dos privilégios ????
ResponderEliminarDireitos adquiridos !
ResponderEliminarPOUCA VERGONHA!
ResponderEliminarPOUCA VERGONHA!
POUCA VERGONHA!
POUCA VERGONHA!
POUCA VERGONHA!
POUCA VERGONHA!
POUCA VERGONHA!
POUCA VERGONHA!
" Os administradores do Banco de Portugal têm garantida uma pensão de reforma vitalícia correspondente ao exercício de um mandato de cinco anos, independentemente do período de tempo que permaneçam na função. O regime de pensões em vigor estabelece esse padrão mínimo, mesmo que os responsáveis do banco central se demitam, por sua iniciativa, pouco tempo após a tomada de posse. "
ResponderEliminarÉ VERDADE ?
é a vida.
ResponderEliminarPermitam-me dizer que:
ResponderEliminar- Parece que descobri a solução para a pobreza crónica que tem assolado os portugueses...
- E se o Legislador publicasse novo Estatuto para os administradores do Banco de Portugal...
Artº 1º Os administradores do Banco de Portugal são nomeados de entre os portugueses maiores de 18 anos.
Artº 2º O mandato dos Administradores do Banco de Portugal tem a duração de 24horas, sem possibilidade de recondução.
Artº 3º Nenhum ex-Administrador poderá ocupar outro cargo na Administração Pública.
Artº 4º Só poderá ser nomeado um Administrador de uma familia onde haja um ex-Administrador quando todas as outras familias já tenham um ex-Administrador na familia.
Artº 5º Nenhuma lei poderá em algum momento revogar este diploma, excepto se todos os portugueses já forem Ex-Administradores do Banco de Portugal.
Amanhã já ninguém se lembra e eles continuam com os bolsos a abarrotar de notas.
ResponderEliminarmalandragem.
ResponderEliminarQual é a moral destes para nos mandarem passar fome ?
ResponderEliminarQual é a moral destes para nos mandarem passar fome ?
ResponderEliminarQue choque ó Constâncio: elas acontecem donde menos se espera.
ResponderEliminarQuem diria ! Quem os ouve falar não os levava presos !
ResponderEliminarque despautério
ResponderEliminarincrível
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