"Portugal podia servir perfeitamente como um caso para estudar o sucesso das corporações. Juízes, professores, médicos, advogados, enfermeiros... conseguiram durante décadas que o poder político sacrificasse o interesse público aos interesses desses grupos. Foram capturando os mais diversos governos até chegarmos a este ponto em que todos, com execpção de cada um dos grupos sobre si próprio, consideram a situação insustentável.
Quem ouvir cada um desses grupos parece que tudo funciona bem. Os tribunais julgam a tempo e horas e se não o fazem a culpa é... dos políticos. As escolas têm feito dos portugueses as pessoas mais bem formadas do mundo mas, não sendo assim, a culpa é dos... políticos. Os médicos estão nos hospitais onde são necessários mas se não é assim a responsabilidade é dos... políticos.
Temos gastos públicos ao nível de um país desenvolvido e serviços que se comparam aos subdesenvolvidos. Mas ninguém se considera, nos grupos profissionais, minimamente responsável pela situação em que Portugal se encontra.
Podemos sempre dizer que, de facto, a responsabilidade é dos governos, que não se deveriam ter deixado capturar. Assim como o sonho de qualquer empresa é ser monopólio, o sonho de qualquer grupo profissional é que exista o menor número de pessoas capazes de executar as suas tarefas para assim aumentar o seu salário.
Mas num país que tivesse o mínimo de cultura de cidadania ou responsabilidade social esse desejo de monopólio nunca assumiria este carácter quase infinito. Teria pelo menos o limite da vergonha de ver os seus concidadãos assim tratados e o seu país condenado a ser pobre. E, no mínimo, assumiria parte das responsabilidade dos estado em que tudo está, da saúde à justiça, passando pela educação. Não é a isso que lamentavelmente, estamos a assistir.
Todos sabiam que o País ia mal. É tempo de assumir cada um a sua parte das culpas e olhar para as soluções. Que passam por perder privilégios injustificados e trabalhar mais e melhor. Para quem quer mostrar que a culpa foi dos governos, eis uma oportunidade para demonstrar que, quando os políticos quiseram, as mudanças necessárias foram feitas com a sua colaboração activa. Este sim seria um país desenvolvido."
A assumpção de responsabilidade é uma coisa difícil, especialmente num país como o nosso, cujos políticos e as suas medíocres decisões, abrem portas a alguma legitimidade de 'passagem de culpa' que é aproveitada pela nossa cultura de 'desvio de culpas'.
ResponderEliminarEstá nas mãos de cada um, a mudança do 'status quo'!
É bem verdade. Os Coelhos, Cluny e Companhia dizem mais uma vez que a culpa é... do Governo.
ResponderEliminarQue tal começarem os 30 % dos juízes em falta por comunicar que aderiram à greve, pedidndo o desconto legalmente devido aos seus ordenados ?
Dinheiro, dinheiro..... Devem preferir vir agora dizer que a greve, em vez de 95 %, teve uma adesão de 30%!
ResponderEliminar"Perder privilégios injustificados e trabalhar mais e melhor." ´
ResponderEliminarNão é apenas e só isto que se pede aos juízes e às outras corporações ?