Efeitos contraproducentes

O CC trata de problemas sérios da sociedade portuguesa. Apesar disso, não é necessário pôr um ar carrancudo — como sucede com alguns leitores. Uma vez por outra até brincamos com as situações. Aconteceu com as as viagens organizadas pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses: uma já no próximo fim-de-semana alargado a Barcelona; outra para o revéillon de arromba no Canadá.

Todos sabemos que os juízes não podem gozar férias fora do período das férias judiciais. Mas, que diabo!, ninguém está à espera que o CC publique fotografias dos magistrados na galhofa em plena sala de embarque. Por isso, não se compreende que a publicidade a ambas as excursões, que ocupavam um espaço de grande destaque na página principal do site, tivesse sido retirada à pressa, sendo colocada na página reservada aos associados (embora a AJSS se tivesse esquecido de modificar o endereço).

Assim, os juízes que queiram ainda inscrever-se podem conhecer o programa através do CC. Mas é caso para dizer: a denúncia dos privilégios das corporações e lóbis, que é também uma luta pela transparência, pode ter um efeito contraproducente. As corporações, vendo fantasmas ao virar da esquina, fecham-se na concha. Ainda mais.