terça-feira, outubro 31, 2006

A palavra aos leitores – Ainda a eleição do vice-procurador-geral da República

O Dr. José António Barreiros teve a amabilidade de se referir ao post em que comento um outro post seu. Eis o seu comentário:

    “Bom dia.
    Muito obrigado pela gentileza de me terem citado e tomado a sério a afirmação que eu produzira, a propósito da eleição do Vice-PGR, com ironia e sumo de limão, para parafrasear o meu saudoso patrono de advocacia, o Dr. Francisco Salgado Zenha.
    O que me parece ser uma interpretação discutível da lei é dar-se como assente a existência de várias «voltas» na votação. O sistema que retiro da lei é o de que a questão se decide à primeira, sobrevivendo, de entre os votados, os não vetados. Daí que se alcance o número três, o tal que Deus fez, que é o total de candidatos devem ser levados a escrutínio para que, podendo o CSMP vetar no máximo dois, ao menos haja um sobrevivente vitorioso.
    É esta a meu ver [mas quem sou eu?] o sistema da lei e é o que mais dignifica o MP. Não tem a ver com o Dr. Gomes Dias, pessoa que mal conheço. Tem a ver sim que o evitar o vexame de o titular de um cargo tão fundamental como o de Vice-PGR não passar à primeira nem à segunda e só conseguir chegar ao lugar por prescrição aquisitiva, começando logo diminuído com isso.”

Caro Dr. José António Barreiros:

Como já havia dito, tenho por si consideração, apesar de não o conhecer pessoalmente. Não considero a sua interpretação descabida [quem sou eu para a poder achar?] e, muito menos ainda, movida por qualquer interesse obscuro.

A única coisa que me parece é que a própria lei é infeliz. Por exemplo, ao admitir que sejam vetados os dois primeiros nomes mas não o terceiro, permite que o vice-procurador-geral da República seja escolhido com a oposição de todos os membros do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP).

Repare-se: depois do veto a Gomes Dias e a um segundo candidato, o terceiro poderá ser até o mais contestado, mas já não pode ser vetado…

Tudo isto resulta de a lei não regular o processo de votação e permitir que esta se faça através de um “trato sucessivo”.

Na interpretação que antes defendi aqui, parte-se da distinção entre número de votações e número de nomes, para admitir que o mesmo nome possa ser proposto várias vezes. Mas também me parece que não haveria argumentos para recusar a designação se o próprio CSMP mudasse de opinião.

PS — Penso que esta nota dá também resposta a Coutinho Ribeiro, que gere uma casa onde é expressamente permitido fumar.

10 comentários :

  1. O Dr. Barreiros respondendo ao Miguel Abrantes? A discutir questões jurídicas com este?

    Ao que isto chegou!

    Lamento que o Dr. Barreiros tenha chegado - melhor: descido - a isto!

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  2. Desculpe lá ó anónimo, mas esse comentário é abaixo de cão... para si próprio. Você mesmo fez um comentário. Reconhece que é inferior ao Barreiros ????

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  3. EStes anonymous são "o máximo"...

    Falando de coisas sérias (que não do post):

    No início deste blog diz-se: "Todos defendemos o Estado de direito desde que não nos bata à porta". Bastaria atentar no nome do autor da frase para se concluir que eu, obviamente, estou contra. Acho qiue devemos defender o "Estado de Direito" sobretudo quando nos bate à porta. Ora vejamos com um exemplo:

    "No post intitulado “Excessos” falei de pequenos abusos. Hoje vou tratar dum assunto bem mais grave de abusos, prepotências, repressão; de violação dos direitos fundamentais, de terrorismo exercido sobre os cidadãos através do circuitos judiciais, etc., etc., etc."
    acender a Sociocracia para ler o post completo. Perceberão que qualquer cidadão normal deve "defender o estado de direito" sobretudo quando lçhe batem à porta.
    O que acontece é que. no início deste blog, o que se refere como "Estado de direito", nem é direito e muito menos Estado, porque não faz qualquer sentido.

    Enquanto a "vcida real" continuar assim, nãoi interessa nada quem é eleito para o quê? Eleito...?

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  4. As questões formais não disfarçam o essencial, que é a corporação do MP dominar o conselho que decide a votação. OEstado não pode estar à mercê de grupos de interesses particulares.

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  5. Ó Miguel Abrantes:

    Há algumas coisinhas em que concordo consigo...

    Agora este post é de uma pouca vergonha de bradar aos céus!

    O que você diz NÃO ESTÁ NA LEI!

    O que você pretende defender é CONTRA A LEI!

    Mude a LEI e então aplique-se o que você diz e o que esse palhaço (que ainda há pouco tomou posse) já pretende fazer...Violar a LEI por interesses "políticos".

    Isso é o que faz QUALQUER BURLÃO DE ESQUINA.

    Claro que neste paíseco MAFIOSO o PGR só pode ser um DON CORLEONE!

    Este pobre povo nunca mais dá porrada da grossa na BANDIDAGEM que tomou o poder?!

    Não passem na minha zona, bandidos (políticos, "magistrados" e demais mafiosos) porque podem sair com os dentes partidos!

    E tu, Miguel, vai dar uma curva... de preferência...limpando o cú à LEI.

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  6. Epá, tem calma que ainda te dá um fanico. O Souto Moura náo volta , paciencia.

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  7. Estou-me cagando para o Souto de Moura.

    Esse deixava a MAFIA em roda livre.

    Deus me livre!

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  8. Interessante discussão.
    Só um reparo: "Com ironia e sumo de limão" é o título de um livro de Almeida Santos. O equívoco de JAB é só na identificação do patrono. É que Almeida Santos, ao que dizem, foi mais patrono de JAB do que o terá sido Zenha...

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  9. Cá está o corajoso anónimo outra vez.
    Agora parte os dentes a todos.

    _ Ó corajoso, tu usas placa, não?

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  10. O Barreiros é o Spilberg da advogacia, trabalha para a bilheteira, não ganha é uma..digam-me qual foi a causa que ele ganhou?.

    Qualquer advogado de vão de escada, tinha ganho as causas do Vale e Azevedo, o que acontece? . O Azevedo arrisca-se a levar 35 anos de cadeia.

    Não é? façam As contas

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