1. João Pinto e Castro já chamou a atenção para a forma como o Público tratou hoje a expressiva redução do défice orçamental que se verificou em 2006, recomendando-se vivamente a leitura dos posts (aqui, aqui e aqui) que escreveu. Mas vale a pena retomar o assunto.
2. Há meia dúzia de anos que não nos falam noutra coisa: os compromissos assumidos com Bruxelas exigem sacrifícios. Recorde-se que o relatório elaborado por Constâncio apurou que, sem as manigâncias das receitas extraordinárias (pagas agora ao Citigroup com as receitas actuais…), o défice se situou em:
2. Há meia dúzia de anos que não nos falam noutra coisa: os compromissos assumidos com Bruxelas exigem sacrifícios. Recorde-se que o relatório elaborado por Constâncio apurou que, sem as manigâncias das receitas extraordinárias (pagas agora ao Citigroup com as receitas actuais…), o défice se situou em:
2000 – 3,2 por cento;
2001 – 4,4 por cento;
2002 – 4,1 por cento;
2003 – 5,4 por cento;
2004 – 5,2 por cento;
2005 – 6,0 por cento.
O Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) estabelecia que, em 2006, o valor do défice não poderia ultrapassar 4,6 por cento do PIB. Acabou por se situar em 3,9 por cento. Mais do que o cumprimento da meta acordada, houve uma significativa inversão da situação orçamental, contrariamente ao que a oposição sustentava há um ano que iria acontecer.
3. O editorial de hoje do Jornal de Negócios — no dia em que o editorial do Público é dedicado às peripécias no CDS-PP — sublinha a importância do que está em causa: “Pode parecer deslumbramento orçamentalista, mas a consolidação da economia portuguesa é mais importante que a vilafrancada de Paulo Portas. Como escrevia Pessoa sobre coisas mais sérias, raios partam o CDS-PP e quem lá ande.”
Acontece que, como pôs em relevo João Pinto e Castro, o Público puxa para a 1.ª página assuntos tão relevantes como “Joana Vasconcelos vai cobrir torre de castelo com croché”, “O evangelho de Judas segundo Jeffrey Archer sai hoje em Portugal” e “Benfica paga 600 mil euros ao FC Porto”, para além de uma enorme fotografia de uma sofrida Maria José Nogueira Pinto.
4. Mas a ausência de qualquer referência ao défice não se esgota na 1.ª página. Chegados à secção de Economia (pp. 40-44), só na quarta página há uma menção ao assunto, com um título verdadeiramente desonesto: “Défice de 3,9 por cento em 2006 força Governo a rever metas para este ano”. Uma leitura em diagonal leva à conclusão de que se está perante um descalabro… que levará Bruxelas a “forçar” o Governo a tomar medidas…
Em lugar de noticiar o facto — redução expressiva do défice, que ultrapassou em 0,7 por cento o que estabelecia o PEC, atingindo praticamente o objectivo fixado para 2007 —, os jornalistas que elaboraram a notícia puseram-se a especular. Perante uma queda tão significativa do défice, Bruxelas vai querer agora muito mais…
5. Mas a própria notícia é o paradigma do que não deve ser uma notícia. Sucessivos erros grosseiros e deturpação dos factos revelam má-fé ou ignorância. Veja-se, por exemplo, que o ministro das Finanças referiu que a contracção da despesa pública “contribui em 80% para a redução do défice orçamental”.
Que diz o Público sobre a mesma questão? Recorrendo à forma passiva, os jornalistas escrevem: “O combate à fuga e fraude fiscal e o controlo da despesa foram apontados como os dois factores principais por trás do resultado.” Indo de encontro às teses do PSD, que a realidade contraria, a redução do défice seria o resultado do aumento da carga fiscal… e não, sobretudo, da redução da despesa.
Mas como isto não era suficiente para retirar mérito à redução do défice, o Público explora outra via. A redução do défice foi conseguida à custa de um corte significativo do investimento: "em relação ao que estava previsto há um ano pelo próprio Governo, este indicador acabou por registar um corte de 842 M€".
Será de mais pedir aos jornalistas que olhem para o Orçamento do Estado com olhos de ver? Enquanto a Administração Central não se afastou da dotação prevista no Orçamento (629,7 M€), a Administração Regional e Local é que não pôde construir tantas rotundas e chafarizes quanto tinha previsto (despesas de investimento de 3.391,4 M€). Mas isso não parece mau de todo.
Além disso, o investimento representou 2,3 por cento do PIB, dentro dos valores médios da União Europeia (2,5 por cento).
Em conclusão, será que José Manuel Fernandes tem noção de que a forma como o Público tratou esta notícia representa uma falta de lealdade para com os seus leitores? E por que o fez?
3. O editorial de hoje do Jornal de Negócios — no dia em que o editorial do Público é dedicado às peripécias no CDS-PP — sublinha a importância do que está em causa: “Pode parecer deslumbramento orçamentalista, mas a consolidação da economia portuguesa é mais importante que a vilafrancada de Paulo Portas. Como escrevia Pessoa sobre coisas mais sérias, raios partam o CDS-PP e quem lá ande.”
Acontece que, como pôs em relevo João Pinto e Castro, o Público puxa para a 1.ª página assuntos tão relevantes como “Joana Vasconcelos vai cobrir torre de castelo com croché”, “O evangelho de Judas segundo Jeffrey Archer sai hoje em Portugal” e “Benfica paga 600 mil euros ao FC Porto”, para além de uma enorme fotografia de uma sofrida Maria José Nogueira Pinto.
4. Mas a ausência de qualquer referência ao défice não se esgota na 1.ª página. Chegados à secção de Economia (pp. 40-44), só na quarta página há uma menção ao assunto, com um título verdadeiramente desonesto: “Défice de 3,9 por cento em 2006 força Governo a rever metas para este ano”. Uma leitura em diagonal leva à conclusão de que se está perante um descalabro… que levará Bruxelas a “forçar” o Governo a tomar medidas…
Em lugar de noticiar o facto — redução expressiva do défice, que ultrapassou em 0,7 por cento o que estabelecia o PEC, atingindo praticamente o objectivo fixado para 2007 —, os jornalistas que elaboraram a notícia puseram-se a especular. Perante uma queda tão significativa do défice, Bruxelas vai querer agora muito mais…
5. Mas a própria notícia é o paradigma do que não deve ser uma notícia. Sucessivos erros grosseiros e deturpação dos factos revelam má-fé ou ignorância. Veja-se, por exemplo, que o ministro das Finanças referiu que a contracção da despesa pública “contribui em 80% para a redução do défice orçamental”.
Que diz o Público sobre a mesma questão? Recorrendo à forma passiva, os jornalistas escrevem: “O combate à fuga e fraude fiscal e o controlo da despesa foram apontados como os dois factores principais por trás do resultado.” Indo de encontro às teses do PSD, que a realidade contraria, a redução do défice seria o resultado do aumento da carga fiscal… e não, sobretudo, da redução da despesa.
Mas como isto não era suficiente para retirar mérito à redução do défice, o Público explora outra via. A redução do défice foi conseguida à custa de um corte significativo do investimento: "em relação ao que estava previsto há um ano pelo próprio Governo, este indicador acabou por registar um corte de 842 M€".
Será de mais pedir aos jornalistas que olhem para o Orçamento do Estado com olhos de ver? Enquanto a Administração Central não se afastou da dotação prevista no Orçamento (629,7 M€), a Administração Regional e Local é que não pôde construir tantas rotundas e chafarizes quanto tinha previsto (despesas de investimento de 3.391,4 M€). Mas isso não parece mau de todo.
Além disso, o investimento representou 2,3 por cento do PIB, dentro dos valores médios da União Europeia (2,5 por cento).
Em conclusão, será que José Manuel Fernandes tem noção de que a forma como o Público tratou esta notícia representa uma falta de lealdade para com os seus leitores? E por que o fez?
Brilhante desmontagem do neocon José Manuel Fernandes!
ResponderEliminarPost bem bolado, sim senhor.
ResponderEliminarBom dia,
ResponderEliminarO grave é que me parece que José Manuel Fernandes não se dá conta dessa deslealdade !
LOnge de mim, defender o Público actual, porém, ontem na última página dava-se o devido destaque noticioso à redução do défice.
ResponderEliminarUma coisa é noticiar, outra é propagandear. Agora que o DN acabou como veículo de propaganda, está na hora de financiar outro Portugal Hoje, um jornal que teve muito sucesso no seu tempo.
O aqui autor do blog, servia perfeitamente para a chefia da redacção e em menos tempo do que o blog já tem, as dívidas chegariam à estratosfera.
O Constâncio fala muito bem e com sentido de oportunidade e ganha ainda melhor.
ResponderEliminarLá porque o Público fala bem dos Juízes e não obedece ao controleiros PS dos jornais (Central de Informações)...
ResponderEliminarO extremista de direita José Manuel Fernandes é o único que ainda defende a invasão do Iraque. É obra.
ResponderEliminarSerá por causa da derrota da OPA? Será? É que a vingança da família Azevedo serve-se fria...
ResponderEliminarAlguém esperava que o JMF não fosse a voz do dono?!!
ResponderEliminarVem o patrão criticar o governo e o funcionário não diz amem'!!!!
De revolucionário esquerdista a engraxador na linha da famosa Zita Seabra, PP, Durão Barroso etc.
Dr. Miguel:
ResponderEliminarÉ notável que o nosso Governo e o seu timoneiro consigam reduzir o défice para 3,9%. Sim, senhor, grande feito!
Fecham-se escolas, maternidades, urgências, hospitais, serviços consulares; fecham-se.....; congelam-se salários e progressões nas carreiras, congelam-se.....; aumentam-se os impostos: iva, irs, irs ispp, etc; aumentam-se....
Impressionante!...
Grande feito, sim senhor!...
Já agora deixe-me que dê uma ideia, um pequeno contributo, para a sustentabilidade da segurança social: o governo e o seu timoneiro deverão instituir por decreto-lei que todos os cidadãos portugueses deverão visitar o centro de saúde mais próximo, no dia em que façam 70 anos de idade ( que poderá passar para 65 ou até 60 anos de idade ) a fim de aí lhes ser dada a prenda de aniversário do governo: UMA INJECÇÃO LETAL!
Claro que as despesas do funeral serão suportadas pela família, o governo já comparticipou com a seringa...
Verão como ficam resolvidos os problemas da sustentabilidade da seg. social e tb. do défice...
É o P. o jornal de referência que nos resta ?????? Dando milhões de prejuizo para alguma coisa há-de servir aos seus donos. O sectário de extrema-direita JMF anda nas suas 7 quintas.
ResponderEliminarNão pode ser! Já não há respeito.
ResponderEliminarO Público recusa ser meio de propaganda do governo.
Acho muito bem esta indignação do post, agora que o Diário de Notícias já se passou para a oposição a este grande governo do nosso engenheiro.
Depois do que acpnteceu ao AJTeixeira (um jornalista decente) o JMFernandes dado a quebra de leitores está a tentar evitar que lhe aconteça o mesmo. Vai por mau caminho pois perde os leitores fieis e naõ ganha novos.
ResponderEliminarentretenham-se com a palha que o miguel aqui vos lança. Anda a blogosfera a arder com a licenciatura do sócrates (e de outros)e aqui...nada! é que não é só o problema da "licenciatura" de sócrates que está em causa e que até já levou a alterações na página oficial da biografia do 1º ministro: é toda a credibilidade do sistema universitário que está em causa. isso não é importante para o desenvolvimento país?
ResponderEliminarentretanto o grupo carlyle já é dono do outlet falido de alcochete. isto também não merece uma observação do miguel.
Clap..clap...clap...temos de nos congrutalar com este número. O Público é de quem?
ResponderEliminarCumps
Este jornal é bezeiro neste tipo de comportamento, faz favor permanente ao psd, não é imparcial e muitas das vezes falta á verdade, razões oela qual deixei de ser leitor á mais de 5 anos.Talvez aqui estejam as razões do descalabro financeiro do jornal de JMF.
ResponderEliminarSociologia dos media
ResponderEliminar«Portugal foi o país que mais aumentou impostos nos últimos dez anos» - titula o Diário de Notícias de hoje. Contudo, atento o conteúdo da notícia, o título também poderia ser: «Carga fiscal em Portugal abaixo da média europeia», ou «Carga fiscal em Portugal sobe somente 1% desde 2000».
[Publicado por vital moreira] 21.3.07
O velho Belmiro retirou-se com uma derrota. Não se faz e pode sair caro. Ele larga os cães.
ResponderEliminar"Lembre-se leitor, de que a Nova Ordem Mundial adora o socialismo, não porque Rockefeller e Cia. sejam socialistas, mas sim porque, sob um MONOPÓLIO socialista, o controlarão a si e a todos os outros. O socialismo significa também a partilha de bens entre todos. Ora o que o leitor tem de compreender é que os Rockefeller não estão a planear partilhar os bens deles consigo, mas sim os seus bens com eles!"
ResponderEliminarDaniel Estulin "Clube de Bilderberg...", ed. 2005 do Círculo de Leitores, p. 111