- Medeiros Ferreira
Involuntariamente ou não, Medeiros Ferreira mostra-nos a questão central da educação. Que deve ensinar a escola: a escrever sem erros ortográficos, o que o corrector do Word (quase) resolve, ou a raciocinar? Eu prefiro ler alguém que aprendeu a raciocinar, nem que para isso tenha de tropeçar uma vez por outra numa gralha. Hei-de voltar ao assunto.
Raciocinar e escrever sem erros não são «competências» estanques.
ResponderEliminarSe escrevo sem erros, ganho a auto-confiança intelectual que me permite sobrepor a minha decisão à sugestão do corrector do Word; e é essa mesma auto-confiança que me permite raciocinar criticamente.
Por outro lado, se raciocino bem, posso chegar à ortografia correcta, a partir da etimologia, por via dedutiva ou indutiva. Posso analisar palavras compostas ou derivadas, posso propor neologismos, e sobretudo posso libertar-me do incidental concreto que é o som duma palavra a favor da convenção abstracta da escrita.
Não há competências intelectuais estanques. Uma escola que ensine só a raciocinar, nem a raciocinar ensina. Se há alguma coisa que o fracasso dos delírios pedagógicos vigentes provou, é isto mesmo.
Diz-se "Eu cá não os punha a contar votos..." e não "Eu cá não os ponha..."
ResponderEliminarO Sousa Tavares é que o topa...
ResponderEliminarO homem é vesgo e lampião... como se diz no Brasil: "é dose dupla"...
ResponderEliminarSó um estúpido como você é que pode afirmar uma idiotice como "é melhor aprender a raciocinar do que a escrever sem erros".
ResponderEliminarDaqui a pouco está a dizer que saber a tabuada é uma brutalidade porque há máquinas de calcular que fazem tudo.
Saber ler, escrever e contar correctamente são os alicerces de qualquer educação. São as competências bases de qualquer ser humano que queira singrar na sociedade da informação. Uma falha em qualquer um destes alicerces compromete o resto do edifício.
Só um idiota anónimo é que pode chamar estúpido a alguém por não concordar com ele.
ResponderEliminarSerá que o pateta que escreveu esta estupidez percebe alguma coisa de pedagogia, de psicologia cognitiva, ou de psico-linguística, ou antes estará apenas a papaguear algo que intuitivamente defende a partir do que vagamente aprendeu na Escola Primária do salazarismo (vá lá, talvez marcelismo)?
Há tanta arrogância estéril à solta...
Caro A Castanho
ResponderEliminarNão compreendo nada de nenhuma das ciências que você me indicou mas compreendo uma coisa: que saber ler, escrever e contar correctamente são competências básicas. Todo o desenvolvimento posterior do ser humano, seja em que área for, depende de um domínio básico de cada uma destas competências.
Por exemplo, a má formação em Matemática dos juristas em geral compromete o próprio pensamento jurídico, que em grande medida é um pensamento lógico. A má formação em competências linguísticas das pessoas das ciências compromete o ensino e a investigação científica: de nada lhe serve você perceber muito bem uma coisa se não a consegue exprimir correctamente em palavras e sem erros.
Não fui formado nas escolas do Marcelismo, mas quem me dera ter sido. Fui filho da escola do pós-25 de Abril e sei bem a confusão que as escolas públicas são, com professores incompetentes e desisteressados, que vomitam a matéria nas aulas sem qualquer preocupação que os alunos aprendam. Estudei pelos manuais escolares que mudavam todos os anos e que tinham todos a mesma aridez; vejo os manuais dos meus pais e muita daquela matéria poderia ser ensinada hoje nas faculdades!
De acordo com este "anonymous", em tudo.
ResponderEliminarO meu comentário anterior não pressupõe opinião diferente sobre este assunto, apenas o facto, que tenho por irrefutável, de que o não se dominar em perfeição a ortografia não significa necessariamente incapacidade de pensamento ou de raciocínio lógico complexo.
A maior parte dos grandes cientistas eventualmente poderá até dar erros ortográficos. Como os grandes artistas. São funções que se processam em separado no cérebro.
Mas claro que a capacidade de verbalização do raciocínio, que não se esgota no domínio das regras gramaticais de uma língua, mas também o inclui, potencia e amplifica o poder desse mesmo racicínio. Mas a sua falta não o bloqueia, como alguém quis fazer crer.
Em todo o caso, ideias políticas à parte, eu considero-me muito afortunado por ter sido aluno da Primária no tempo do marcelismo...