terça-feira, abril 22, 2008

Leituras

• Pedro Adão e Silva, A síntese improvável:
    “Desde a sua formação, o PSD foi sempre um partido abrangente, caracterizado pela diversidade, baseado numa combinação idiossincrática que ia de elementos vindos da oposição ao Estado Novo até sectores sociais claramente de direita, como seja a burguesia rural proprietária, que constituiu a âncora social do salazarismo. Tal como o PS, foi também um partido consolidado a partir do Estado, mas, ao contrário do PS, o PSD não é produto da vontade de uma elite homogénea, mas sim da federação de elites locais, muito diversas ao longo do território nacional. Esse facto foi fundamental para que, desde o início, o partido conseguisse conciliar plasticidade com indefinição ideológica. O contexto da transição para a democracia ajudou a que assim fosse: por um lado, porque a direita se encontrava à defesa, sendo impossível afirmações ideológicas claras nesse campo, e depois porque a única forma de fazer coexistir os vários PSDs era a ausência de um compromisso ideológico forte. Durante muito tempo, esta especificidade foi a vantagem competitiva do PSD, fazendo-o “o partido mais português de Portugal”. Não representando ninguém em particular, era possível criar a ilusão de que se representava todos.”
• Vital Moreira, Louvor do rotativismo [Público]:
    “Não é verdade, desde logo, que o PS e o PSD digam as "mesmas coisas" e proponham as "mesmas soluções". Desde que em 1995 o PSD de Fernando Nogueira rejeitou liminarmente a criação do "rendimento mínimo garantido" até às recentes propostas de privatização da segurança social, da saúde, da educação, bem como de política fiscal, torna-se evidente que o PSD se vem transformando num partido progressivamente mais liberal e cada vez mais afastado da sua componente social-democrata originária, aliás sempre equívoca. A sua plena integração internacional no Partido Popular Europeu é bem elucidativa sobre as suas reais coordenadas ideológicas e políticas.”

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