Clientes da Casa de Chá da Lapa

Há momentos em que é preferível deixar Pacheco Pereira estender-se, porque o tempo se encarregará de o desmentir. É o caso do processo contra os skinheads.

Pacheco olha para Mário Machado como alguém que se reúne na Casa de Chá da Lapa com rapaziada amiga, para, entre scones e empadas caseiras, largar umas larachas, eventualmente de mau gosto. Por isso, o processo que envolve Mário Machado, segundo o ideólogo de Ferreira Leite, “aponta para razões puramente políticas, o que é inadmissível numa democracia”. Mais, para Pacheco, o líder dos Hammerskins indígenas apenas “é acusado de incitar ao ódio racial, algo que em países genuinamente liberais não é crime nem sequer delito de opinião”.

O acórdão do Tribunal de Monsanto põe a nu a brutalidade das opiniões de Pacheco Pereira, que, de resto, sendo uma pessoa bem informada, não ignora certamente que Mário Machado & Comp.ª L.ª “já tinham sido condenados pelo homicídio de Alcino Monteiro, cidadão português de origem cabo-verdiana, assassinado no Bairro Alto, em Lisboa, no dia 10 de Junho de 1995.”

Este ímpeto dos cristãos novos para reescrever a história está longe de ser um exclusivo de Pacheco, mas nem por isso deixa de suscitar o mais vivo repúdio.