E depois quem vai ao Continente, Zé Manel?

Já li cartas de despedida menos angustiantes. José Manuel Fernandes subscreve hoje o editorial mais pungente da história da imprensa portuguesa: “Apetece fugir de Portugal, o problema é para onde”.

Que poderá ter provocado tal estado de abatimento extremo? A aprovação pela Câmara de Representantes do plano de saneamento do sistema financeiro, representando o momento simbólico do desmoronamento das patranhas neocons? A verificação de que o vírus estatista atravessou o Atlântico e já nem António Borges e Passos Coelho se atrevem a exigir a privatização da Caixa Geral de Depósitos? Os resultados desanimadores da mais recente sondagem publicada?

Temo podermos estar perante a iminência de uma tragédia. Mas, a não se consumar, José Manuel Fernandes terá sido imprevidente: à Sonae pode interessar um instrumento político e ideológico que lhe aplane o terreno, mas certamente não quer que lhe afugentem os clientes.

Acontece que o desesperado Fernandes, depois de sublinhar que “o Congresso pode acabar por aprovar um plano impopular” e que “na Europa arriscamo-nos a nem chegar a ter plano”, atira em jeito de despedida:

«Mas a verdade, verdadinha, é que apetecia voltar a escrever, num muro junto ao aeroporto de Lisboa, o que lá esteve escrito em 1975: “O último a sair que apague a luz.”»

Zé Manel a caminho de Marte (suposição mais benigna)?