Fica aqui uma pequena achega:
- 1.º Um dos aspectos que mais concorreu para o chamado “atraso” da economia portuguesa foi o país encontrar-se longe do centro da Europa. Não deverá aproveitar-se tudo o que contribua para “encurtar” essa distância?
2.º Tem sido muito defendida, especialmente depois de o Presidente da República ter dado o mote, a questão de avaliar o custo/benefício do projecto. Alguém sabe qual é o custo/benefício da aquisição de submarinos, aprovada pelo Governo Barroso/Ferreira Leite/Portas? Se se sustenta que, nas questões militares, há um preço a pagar tendo em conta a defesa da soberania, não se deve raciocinar de igual modo tendo em conta a necessidade de uma aproximação ao centro da Europa para uma adequada estratégia de desenvolvimento (inserindo o país num projecto europeu de infra-estruturas)?
3.º Considerando as mutações em curso, designadamente em relação às fontes de energia, alguém no seu perfeito juízo é capaz de estimar o tráfego ferroviário de passageiros e mercadorias daqui a 20 ou 30 anos com um mínimo de rigor? É preferível construir o TGV e concluir, mais tarde, que a procura é insuficiente ou abandonar o projecto e vir a verificar que isso concorreu para que Portugal se transformasse num país ainda mais periférico?
Prezado Miguel Abrantes
ResponderEliminar(1) Existem já um meio de encurtar essa distância que separa Portugal do centro da Europa: chama-se avião e existem diversos modelos de baixo custo e de grande autonomia que podem lançar linhas diárias de tráfego aéreo. Por exemplo, a Ryanair já tem uma linha diária entre Porto-Madrid; uma outra companhia privada lançou uma linha semanal entre Bragança-Paris e tem planos de expandir.
(2) O transporte aéreo está em vias de modificar os seus combustíveis por forma a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e reduzir o custo das viagens. Por exemplo, sabia que já é possível mover-se um avião a hidrogénio ou a GPL (sendo que este último é o produto residual da refinação do petróleo e pode ser aproveitado como combustível)?
(3) É muito mais barato para o Estado criar aeroportos do que linhas de comboio. O Estado apenas teria que abrir concurso para licenças e os privados teriam que suportar o custo da instalação e o aproveitamento da rede de transportes aéreos. Havendo mais licenças os privados poderiam explorar todo o mercado possível: desde linhas dentro de Portugal (faz falta uma ligação de baixo custo Porto-Lisboa), dentro da península ibérica e em relação à Europa central. Se ler o artigo de Coase "The problem of social cost" compreenderá que o mecanismo de mercado é a forma mais eficiente de explorar um determinado recurso.
(4) A instalação de aeroportos e o custo da aquisição dos aviões seriam muito mais vantajosos para o Estado - uma vez que caberiam na totalidade aos privados - e evitariam ensombrar os Governos com as acusações de cumplicidades entre empreiteiros e Governos para enriquecer meia dúzia de empresas à custa das obras públicas.
(5) Actualmente a Ryanair tem o monopólio de exploração da linha Porto-Madrid e é a principal linha Porto-Paris. O bilhete da primeira custa 50 euros e da segunda 100 euros. A viagem da primeira demora 50 minutos e da segunda 2 horas. Quem é que vai pagar 300 euros para ir de TGV para Madrid/Paris numa viagem que demorará o triplo ou mesmo o sextuplo?
Posto isto pergunto:
(a) Qual será a rentabilidade de uma linha que vai praticar preços que são o triplo ou o sextuplo de uma linha aérea e demoram o dobro ou triplo do tempo?
(b) Que beneficio tem o Estado em gastar milhões numa linha de rentabilidade duvidosa quando poderia transportar pessoas a custo zero (deixando aos privados o custo da exploração da linha e da amortização do investimento)?
Atenciosamente,
X
Prezado Miguel Abrantes
ResponderEliminar(1) Existem já um meio de encurtar essa distância que separa Portugal do centro da Europa: chama-se avião e existem diversos modelos de baixo custo e de grande autonomia que podem lançar linhas diárias de tráfego aéreo. Por exemplo, a Ryanair já tem uma linha diária entre Porto-Madrid; uma outra companhia privada lançou uma linha semanal entre Bragança-Paris e tem planos de expandir.
(2) O transporte aéreo está em vias de modificar os seus combustíveis por forma a reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e reduzir o custo das viagens. Por exemplo, sabia que já é possível mover-se um avião a hidrogénio ou a GPL (sendo que este último é o produto residual da refinação do petróleo e pode ser aproveitado como combustível)?
(3) É muito mais barato para o Estado criar aeroportos do que linhas de comboio. O Estado apenas teria que abrir concurso para licenças e os privados teriam que suportar o custo da instalação e o aproveitamento da rede de transportes aéreos. Havendo mais licenças os privados poderiam explorar todo o mercado possível: desde linhas dentro de Portugal (faz falta uma ligação de baixo custo Porto-Lisboa), dentro da península ibérica e em relação à Europa central. Se ler o artigo de Coase "The problem of social cost" compreenderá que o mecanismo de mercado é a forma mais eficiente de explorar um determinado recurso.
(4) A instalação de aeroportos e o custo da aquisição dos aviões seriam muito mais vantajosos para o Estado - uma vez que caberiam na totalidade aos privados - e evitariam ensombrar os Governos com as acusações de cumplicidades entre empreiteiros e Governos para enriquecer meia dúzia de empresas à custa das obras públicas.
(5) Actualmente a Ryanair tem o monopólio de exploração da linha Porto-Madrid e é a principal linha Porto-Paris. O bilhete da primeira custa 50 euros e da segunda 100 euros. A viagem da primeira demora 50 minutos e da segunda 2 horas. Quem é que vai pagar 300 euros para ir de TGV para Madrid/Paris numa viagem que demorará o triplo ou mesmo o sextuplo?
Posto isto pergunto:
(a) Qual será a rentabilidade de uma linha que vai praticar preços que são o triplo ou o sextuplo de uma linha aérea e demoram o dobro ou triplo do tempo?
(b) Que beneficio tem o Estado em gastar milhões numa linha de rentabilidade duvidosa quando poderia transportar pessoas a custo zero (deixando aos privados o custo da exploração da linha e da amortização do investimento)?
Atenciosamente,
X
Só queria relembrar identicas polemicas sobre Metro de lisboa, ponte sobre o tejo, etc.
ResponderEliminarcom mesmo tipo de critis aos ditos investimentos.
Relembro que em função disso,
o metro começou com 2 carruagens e em percursos minimos...
a ponte não teve componente ferroviaria,
com as consequencias tem ainda hoje...
abraço
É preferível construir o TGV e concluir, mais tarde, que a procura é insuficiente ou abandonar o projecto e vir a verificar que isso concorreu para que Portugal se transformasse num país ainda mais periférico?
ResponderEliminarA pergunta é excelente porque permite responder sem grandes necessidades de apresentar estudos esotéricos.
No primeiro caso o desastre é total, gastou-se o que havia e não havia para nada.
No segundo caso é sempre remediável.
É fazer, com a tecnologia que então será muito mais avançada e entrar no ritmo.
Oh Fado, agora é paga em grande parte com fundos europeus. Depois só se fores tu a financiar. aquilo não é uma mercearia ...
ResponderEliminarOh Fado, agora é paga em grande parte com fundos europeus. Depois só se fores tu a financiar. aquilo não é uma mercearia ...
ResponderEliminarbotton disse...
ResponderEliminarAgradecia-lhe que não me tratasse por tu, reservo isso à família.
Não percebi nada do que escreveu e lembro-lhe que a discussão centra-se em dois pontos:
A infra-estrutura e a exploração comercial.
Do primeiro parece pelos posts que será uma fatia paga por Bruxelas, outra por nós, e outra por eles.
Sobre a segunda a ideia que se tem é que não é viável.
Permita que lhe deixe um exemplo.
A uma família que não tem dinheiro para comer, dão mil euros.
O chefe da mesma resolve empregá-los na compra de um carro que segundo pensa alugará aos domingos aos vizinhos e assim julga realizar lucro.
Acontece que os vizinhos não lhe alugam o carro tão abundantemente como ele pensava e começa a não ter dinheiro para comprar gasolina.
E depois fica sem os mil euros e com um carro que não pode cortar às postas para comer.
Para que mais discussões sobre um projecto que já está em andamento?Não foi o Governo de barroso que assinou o acordo à sua construção e que este governo alterou e aprovou em moldes mais baratos?
ResponderEliminarPara quê polemica se já hoje é tarde a sua construção?
Apelo ao Governo que não recue e avance conforme está previsto. É assim que os portugueses entendam a governação.
Portugal enferma de um grande mal, o perfil dos portugueses, na sua maioria são pessoas amorfas,retrogadas,que não arriscam, xicosespertos, servis e de tudo dizem mal.
Essa forma de estar na vida, tem origens muito remotas e que vem do nosso passado àrabe/latino.Não fod..nem deixam fod....
Eu pessoalmente não me revejo nesse perfil, razão pelo qual quero e desejo que o país ande em frente nesse e noutros dominios.
Bem hajam as pessoas que também assim pensam.
o X perdeu a cabeça...
ResponderEliminarVocê já meteu o pézinho num TGV?
Você já viajou num?
Homem tenha juizo...
Eu viajo frequentemente Londres-Bruxelas-Paris e bate o Aviao em tudo.
É mais barato, porque tal como o LOW COST os bilhetes com antecedência são baratissimos.
Cerca de de 50 euros ir e vir Londres-Paris.
Com a diferença que vai sentado tão confortável como na Primeira classe de um Aviao.
Se for em cima da hora sao 250 mas com o Aviao é igual.
Mas a diferença principal relaciona-se com o conforto.
Entrar no Oriente e sair na Gare du MIDI em Bruxelas não é a mesma coisa.
É entrar no centro da cidade e sair no centro da cidade. No intervalo pode levantar-se andar pelo comboio ir á cafetaria beber uma cerveja e ler o jornal ou ir até ao restaurante jantar.
Faz a diferença toda.
Esqueceu-se ainda de adicionar nos seus calculos as 2 horas de antecedência para chegar ao aeroporto e fazer check in que se practica em qualquer aeroporto da europa.
Mais 1 hora minimo para sair(bagagem,trasnporte para cidade) e de repente essa viagem a Paris ja demorou mais 3 horas.
Ou seja vamos em cerca de 6 Horas.
Pouco menos do que o TGV.
Quanto as suas propostas..
Aviões a gaz e hidrogenio???
Ou comboios a electricidade de enregias renovaveis?
Mais aeroportos?
Voce faz ideia quanto polui um aeroporto???
O da Portela em peak time polui o mesmo que a cidade toda. Ah pois é.
O senhor, inteligentemente, desviou-se do problema.
ResponderEliminarNão está aqui, nem em lado nenhum, a discussão do que é que é mais confortável se o TGV se o avião, nem quantas horas demora um ou outro, nem o problema do check-in, nem outras minudências.
O que está aqui em causa são os custos de um e de outro.
Ora no caso do avião e infelizmente vai-se construir um aeroporto desnecessário, não é o Estado que tem que comprar aviões, tripulações manutenção e pagar o combustível.
Isso compete às companhias que os operam as quais ainda vão ter que pagar as taxas de aeroporto.
No caso do TGV todos esses encargos são do estado e tem que lhe adicionar a infra-estrutura.
É sobre isto que se deve discutir.
Aguardo que me convença.