Se Pedro Lomba admite, hoje no i, que a crise “abala precisamente aquilo que se sabia sobre a ciência económica”, donde só “um génio” a poderia ter previsto, então por que nos pede que acreditemos naquilo que 28 iluminações económicas acham que sabem sobre a ciência económica? De resto, nós já sabíamos que os 28-do-manifesto não eram génios, mas é sempre agradável quando Pedro Lomba confirma o óbvio. Mas a questão não é essa, como já explicou Pedro Lains: “[está lá] um dos mais consagrados economistas da teoria do crescimento à escala internacional (Sérgio Rebelo). Mas isso não chega. Rebelo é Rebelo e pensa como Rebelo. Não pensa como Krugman, por exemplo.”
Estes baços economistas que não nos avisaram da crise; estes baços economistas, que, dogmaticamente, nos meteram na crise vêm agora criticar a forma de sair da crise, forma essa amplamente caucionada. Se Pedro Lomba não acredita no Krugman, leia o que pensam os ganda malucos do FMI (sobretudo, capítulos 1 e 3). E quando se esperaria encontrar em Pedro Lomba o novo Burke contra os jacobinos da “tirania das fórmulas” do mercado, ele deixa-nos com um contributo de Mr. Aníbal Cavaco Chance: primeiro lemos que “o importante não é ser-se de esquerda ou de direita para fazer escolhas certas”. É uma opinião apolítica, mas ao menos é uma opinião num certo sentido, o sentido do fim da política imolada no altar da tecnocracia. Mas, depois, lemos, e não acreditamos, que não devemos “alinhar pelo economicismo mais hostil ao debate político”. O que é outra opinião, uma excelente opinião, é pena é ser contraditória com a anterior.
Eu percebo. Resolveram atacar o manifesto colando-o à direita, a quem nos meteram na crise (mas qual crise?), aos tecnocratas das grandes empresas, mas a coisa não é lá muito convincente. É uma pena, é o que é.
ResponderEliminarAlguém acha que o estudo da CIP na questão do aeroporto foi unicamente um estudo económico? Pois não foi. Não há economia sem política. E não há política sem estudo. Andam a querer vender-nos a ideologia pura e dura do investimento público com invocações de keynesianismo barato e ainda dizem que os outros é que são tecnocratas. Obrigadinho, ó Miguel.