O Presidente esmiuçado

Sobre o "caso das escutas", eis o que diz o Presidente:

1. “Já disse várias vezes que neste período eleitoral que nós vivemos, evito fazer comentários que possam ter directa ou indirectamente algumas conexões político-partidárias. E por isso vou ficar em silêncio”.

Acontece que o "caso das escutas" não tem qualquer "conexão político-partidária". Directa, ou indirectamente. Estão em causas alegadas escutas feitas à Presidência a mando do Governo (uma questão estritamente institucional - que, de resto, começou em Agosto, antes do "período eleitoral"); e também comportamentos jornalísticos.

2. “O Presidente da República deve preocupar-se com questões de segurança. Deixemos passar as eleições e depois tentarei, normalmente de uma forma discreta como costumo fazer, obter informações sobre questões de segurança”.

As questões de segurança podem ser de duas ordens. Ou o PR se referia às alucinadas declarações do director do Público envolvendo o SIS (as quais já foram desmentidas pelo SIS e - oh espanto - pelo próprio director do Público); ou se referia à sensação de incomodidade referida pelo seu assessor de imprensa há 18 meses (!!!) ao Público. A levar tudo isto a sério, ou seja, que há um problema de segurança na Presidência, porque ficou o PR à espera um ano e meio?

3. "Minha senhora [uma jornalista que questionou o PR sobre o facto de o "caso das escutas" ter partido de Belém]: a senhora não é ingénua, eu também não."

Pois não.