sábado, novembro 07, 2009
O forrobodó continua
Em mais um processo que faz alusão a figuras públicas, as escutas voltam a aparecer nas primeiras páginas dos jornais — por coincidência sempre nos mesmos jornais. Esta alegre violação do segredo de justiça é encarada com a maior bonomia pelas autoridades judiciárias e pelos órgãos de polícia criminal responsáveis pelo processo.
Tudo indica, mais uma vez, que está em causa um aproveitamento político-partidário de um processo em segredo de justiça, do qual se retiram conversas sem comprovada relevância para a investigação, para atacar o partido no poder e o seu líder. A pergunta que urge fazer é: até quando vai durar esta pouca-vergonha? E não me digam que colocar esta questão equivale a pactuar com a corrupção e o tráfico de influências ou desejar que os seus responsáveis não sejam punidos.
Pelo contrário, quem viola o segredo de justiça e confunde tudo é que não está interessado em combater a corrupção e o tráfico de influências. É como aquela beata falsa que bate com a mão no peito para apregoar a sua virtude, escondendo como pode os vícios privados.
Nos últimos dias, assistimos à publicação de mandados de busca que parecem ter sido escritos para servirem de notas de imprensa e assistimos à divulgação da existência de conversas telefónicas, independentemente da sua relevância, como se o objecto do processo fosse a amizade de um arguido com um líder político.
É claro que são os responsáveis ou aqueles que pactuam com este miserável estado de coisas, violando as leis todos os dias, que berram contra as mesmas leis e fazem declarações de amor pelo segredo de justiça. O problema destas criaturas é que, como dizia Lincoln, se pode enganar uma pessoa todo o tempo ou todas as pessoas durante algum tempo. Impossível é enganar todas as pessoas durante todo o tempo.
Os portugueses já vão conhecendo estes profissionais da violação do segredo de justiça e especialistas na instrumentalização político-mediática da investigação criminal. Tarde ou cedo, hão-de pedir-lhes responsabilidades, como é óbvio.
O que aqui descreve é a verdadeira asfixia democrática. Tiveram 4 anos e uns meses para dar cabo dessa associação criminosa que integra polícias, jornalistas e magistrados. Não o fizeram, não sei se porque o não quiseram ou porque o não souberam. Geriram a justiça ao sabor dos apetites do Correio da Manha, se calhar julgando que apaziguariam os propósitos dessa gente. Promoveram medíocres pensando que assim os fariam vassalos. Foderam-se, desculpe a expressão. Tem razão o Marinho e Pinto quanto à impunidade pidesca da investigação criminal.
ResponderEliminarEsta "normal" violação do segredo de justiça, com publicação pormenorizada, não terá também a sua "face oculta"? Custa a crer que não haja troca de envelopes – toma lá segredo, dá cá algum em segredo... Claro que a PJ não irá investigar-se a si própria nem aos colegas do Ministério Público – e o chefe destes, quando questionado sobre assuntos em segredo de justiça, limita-se a responder (aproveitando para amplificar a lama lançada) sem estranhar que o segredo seja público...
ResponderEliminarA justiça está como está e com tudo isto conseguiram manietar o governo. Ficou sem campo de manobra, penso eu de que.
ResponderEliminarMiguel
ResponderEliminarRasteirinho como sempre.
Sabe a quem é, por lei, entregue um mandado de busca?
E vários mandados de busca?
Fiquei irritado com o comentário anterior. Antes dos mandados circularem já circulavam as notícias. Muito do que tem saído não estava nos mandados. Há uma distribuição meticulosa no tempo e pelos diversos órgãos de informação. Tratando-se de um inquérito onde só há escutas, a prática policial, com a cobertura do MP, é criar na opinião pública um caso com a inerente condenação.
ResponderEliminarEstamos todos a ser vigiados.
ResponderEliminarEnfim, parece-me tratar-se de uma violação do segredo de justiça em grande escala. Que pensa disto o especialista no assunto, deputado Fernando Negrão? Ou ainda não deu opinião?
ResponderEliminarE o dr Palma sindicalista, já agora...
Vá lá! E então quando foi o caso BPN? O que aqui comentaram no blog... Não tapem o Sol com a peneira...
ResponderEliminarDavid
Mas qual é a violação?
ResponderEliminarA do segredo de justiça, ou da própria?
Com este tipo de violação, todos podemos ser corruptos...ou, filhos da p..ta...sem piedade.
É como a cagadela da pomba, só que, digamos...apontada, dirigida!
Assim, a justiça e impunidade é tudo a mesma m..da.
E lutei eu tanto pela democracia...
Independentemente de quem venha a ser acusado ou ilibado (e quem tiver que ser seja mas o seja de forma limpa e não com o árbitro a interferir para interesses escônsos), 1 Crime está já Irrefutavelmente, Incontestadamente comprovado sem qualquer margem para dúvidas. E é hediondo demais que aconteça com aparente normalidade sem qualquer indignação justa numa Democracia de Valores.
ResponderEliminarE não foi cometido por nenhum dos supeitos ou arguidos mas sim vindo de quem nunca podería vir: da própria Justiça!
Ao agir assim a Justiça alberga em si a verdadeira Face Oculta, é ela própria Criminosa.
A violação do Segredo de Justiça coaduna-se com práticas neofascistas e quem lá dentro age assim é um fascista, não tem outro nome.
Como é que o povo pode acreditar e respeitar a Justiça se ela, por intermédio desses cancros que lá rabicham, age como uma puta criminosa e nem se dá ao respeito?!
Precisamos de um novo Salgueiro Maia que entre lá dentro com as granadas na mão e lhes diga: "Tendes 10 minutos para sair daqui para fora ou rebento-vos a todos!"
Ler diariamente o que o porocesso da sucuta tem de novo não é violação do segredo de justiça mas manter a nação informada como se quer numa democracia evoluida.
ResponderEliminaro segredo de justiça perdeu a virgindade e não a recupera.
ResponderEliminarperguntem à magistratura quem a desflorou.
"Tudo indica, mais uma vez, que está em causa um aproveitamento político-partidário de um processo em segredo de justiça, do qual se retiram conversas sem comprovada relevância para a investigação, para atacar o partido no poder e o seu líder. A pergunta que urge fazer é: até quando vai durar esta pouca-vergonha?" Muito bem. Mas, já agora, onde é que estava a sua indignação quando o mesmo se passou com o caso BPN. Aí esse blogue já não viu grandes problemas com o segredo de justiça e com a ligação dos arguidos ao PSD. Agora, como é ao contrário, é que vos dá para a indignação? Pois é, a coerência é uma coisa muito bonita, mas só quando ´não nos toca a nós.
ResponderEliminarPS: já agora, também podem censurar este comentário. Já estou habituado ao vosso "fervor democrático".
"Tudo indica, mais uma vez, que está em causa um aproveitamento político-partidário de um processo em segredo de justiça, do qual se retiram conversas sem comprovada relevância para a investigação, para atacar o partido no poder e o seu líder. A pergunta que urge fazer é: até quando vai durar esta pouca-vergonha?" Muito bem. Mas, já agora, onde é que estava a sua indignação quando o mesmo se passou com o caso BPN. Aí esse blogue já não viu grandes problemas com o segredo de justiça e com a ligação dos arguidos ao PSD. Agora, como é ao contrário, é que vos dá para a indignação? Pois é, a coerência é uma coisa muito bonita, mas só quando ´não nos toca a nós.
ResponderEliminarPS: já agora, também podem censurar este comentário. Já estou habituado ao vosso "fervor democrático".
Parece que ficou estampado o fervor democrático dos autores do blogue ao publicar o seu comentário.
ResponderEliminarJá viu a figura que fez, por acaso não é o Pacheco?