quarta-feira, dezembro 30, 2009
i de i-rresponsável
Já a manchete do Expresso da semana passada me parecia algo estranha. Que teria de especial o facto de a Caixa Geral de Depósitos financiar um investimento de Isabel dos Santos, operação que qualquer outro banco teria gostado de agarrar? O artigo não esclarecia.
Hoje, é André Macedo que se atira, num editorial do i, aos negócios da Caixa Geral de Depósitos com Isabel dos Santos. Depois de umas insinuações gratuitas e de umas concordâncias verbais exóticas, o director adjunto descobre a “marosca”: a Caixa vendeu a Isabel dos Santos por cinco euros acções da Zon que adquirira por 12 euros (embora logo adiante reconheça que nem todas as acções foram compradas a 12 euros).
Não passou pela cabeça do antigo director do Diário Económico que esta situação resulte do funcionamento do mercado. O tal mercado que tanto incensa(m). Tendo a cotação das acções da Zon (PT Multimédia) já sido superior a 140 euros, pode então dizer-se que a Caixa fez um grande negócio quando comprou ao Barclays a 12 euros? E como explicar, por exemplo, que o BCP tivesse oferecido, aquando da OPA, quase sete euros por acção do BPI e agora as tenha vendido a Isabel dos Santos por menos de dois euros?
Não é preciso ser um especialista em mercado de capitais — como se presume que um ex-director de um diário económico seja — para perceber a situação. E um rápido olhar pela informação disponível teria poupado André Macedo a figuras tristes. Por exemplo, o preço-alvo definido pelo Banif sugere que a Caixa terá feito um bom negócio: “Estamos a rever em baixa a nossa avaliação da Zon para 4,07 euros por acção, dos anteriores 6,15 euros, em resultado das revisões efectuadas às nossas previsões, à incorporação de um custo de 40 milhões de euros relacionado com os direitos de transmissão de eventos desportivos, e a um ajustamento à dívida líquida para 2010.”
De resto, deve ter escapado a André Macedo que o investimento em acções penaliza os bancos no cálculo dos rácios de solvabilidade, pelo que até nesta perspectiva a operação convém, na hora actual, à Caixa. O mercado vai explicar-lhe se é uma operação que tem pernas para andar.
Aquando do lançamento do jornal, André Macedo disse que, entre outras proezas, iríamos ter pela manhã um i de irresponsável. Confirma-se.
Este é o jornal do filho daquela mana muito engajada no clube od aníbal e Manela?
ResponderEliminarUma tonteria, de facto. Mas que não se tome a árvore pela floresta: o i é um jornal que se deixa ler. Contrariamente a outros.
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