As redes sociais, entre outras vantagens, conferem ao espaço público uma transparência nunca antes experimentada.
Veja-se o caso dos media.
Não há hoje - é uma maneira de falar, porque felizmente há - jornalista que não tenha ou participe em blogues, no facebook ou no twitter. Muitos jornalistas acumulam. Muitos directores e outros responsáveis de jornais também participam.
É claro que, à boa maneira portuguesa, tudo é feito da forma mais selvática possível. Simplesmente, não há regras. Parece evidente que um jornalista profissional tem para com o órgão de comunicação social para o qual trabalha um conjunto de direitos e deveres que ultrapassa a mera relação laboral. E parece evidente que os media, os proprietários dos media, mas igualmente as direcções, deveriam ser os principais interessados na regulação desse "mercado". Se é um facto que, de forma crescente, as redes sociais também constituem uma forma de angariar audiências para os media tradicionais, não é menos verdade que os media tradicionais só saem bem na fotografia se nas redes sociais forem observadas as regras, principalmente as de conduta, pelas quais há muito eles se guiam.
Mas o caso é que a generalidade da participação dos jornalistas nas redes sociais - há excepções, é verdade - resulta numa pobreza franciscana.
Trata-se, na maioria dos casos, de um vasto conjunto de baboseiras e infantilidades, que apenas deixam a nu a impreparação e/ou o enviesamento de quem as escreve.
O problema é que quem escreve todos os dias essas baboseiras na net também escreve todos os dias nos jornais, também está na tv, na rádio.
É verdade que há casos em que já conhecíamos as tais baboseiras e os seus autores nos media tradicionais. Em relação a outros, no entanto, não deixa de ser surpreendente a contradição entre a selvajaria da net e o ar compostinho exibido nos media. Como se, à solta nos blogues, os jornalistas deixassem estalar a fina camada de verniz que ostentam no local de trabalho.
Em suma - e abreviando: a participação dos jornalistas portugueses nas redes sociais constitui hoje em dia um dos principais instrumentos para a descredibilização individual e dos media em que operam.
A injustificada falta de entrega em tempo da proposta de orçamento de Estado na assembleia da República espelha bem o grau de exigência em matéria de assuntos de Estado da rapaziada que nos vem governando. É a chamada exigência da caca, que nos conduziu e vem alegremente conduzindo para o abismo.
ResponderEliminarExcelente. Parabéns.
ResponderEliminarAlém disso, esta duplicidade jornalistas/bloguistas mostra também a cobardia política dessa gente como pessoas. E uma incompreensão básica do que é ser uma coisa e outra.
ResponderEliminarSempre me irritaram os jornalistas armados em comentadores e opiniantes, feitos uns moralistas inqualificáveis. Deviam provavelmente ser antes polícias ou censurantes genéricos - e nisto alinham com o que de mais conservador existe no Portugal profundo (e de sempre).
O que mais me admira é eles não se enxergarem. Realmente, isso deixa-me perplexo.
A impreparação não é só académica e de tarimba: é também pessoal (em muitos casos, vendo ao perto, trata-se de pura má educação básica - aquela que vem de casa).
O enviesamento da função é resultado de uma nula consciência crítica do seu papel social.
As duas juntas é o desastre a que o post faz referência e resulta no panorâma actual.
Há já uns anos que não vejo informação televisiva nem leio jornais - basicamente porque não estou para ser incomodado com o lixo que me atiram para cima. No fundo, não acredito nos media (para o bem e para o mal). Infelizmente.
Até porque sei como é que elas se fazem. E desfazem...
Muita Atenção:
ResponderEliminarOs Ranhosos ficam pior que estragados quando lhes lembramos que também estamos a pagar os SUBMARINOS e os "DESVIOS" NO BPN.......na página principal do Sapo já puseram um declaração dum almirante qualquer todo chateado porque lhes lembramos isto e eles não gostam!! INSISTAM E PASSEM MENSAGEM: