segunda-feira, outubro 11, 2010

Segredo de polichinelo

Contrariando as reduzidas expectativas de um homem de pouca fé, o apelo do PSD para que os portugueses façam o trabalho de casa que caberia à São Caetano fazer revelou-se um êxito: propostas surpreendentes e inovadoras de cortes na despesa atafulham o Gabinete de Estudos do PSD.

José Canavarro, o presidente do Gabinete de Estudos, divulga hoje os gastos supérfluos detectados, embora não faça — o que é uma pena — uma estimativa do montante da poupança: consumo de papel, iluminação e ar condicionado, a par de horas nocturnas, ajudas de custo, viagens ao estrangeiro e acções de promoção por parte de organismo estatais. Outra proposta consiste em substituir reuniões por sessões de videoconferência para evitar gastos de transporte. E recomenda-se a redução do número de edifícios utilizados, através da compactação de serviços (com os funcionários colocados em beliches?), optando, em simultâneo, por zonas de rendas mais baixas (Massamá?). A estes cortes, o Gabinete de Estudos qualifica-os de “sustentabilidade”. Mas há também os cortes “doutrinários”, que se traduzem na privatização de quase toda a máquina do Estado ou na fusão de ministérios.

Aqui chegados, que fazer com estas propostas? Canavarro explica: “Algumas seguramente merecerão atenção e outras merecerão também ponderação e provável inclusão naquilo que for a proposta do partido e a discussão que fará em sede parlamentar sobre as matérias orçamentais”. Significa isto que o PSD está a preparar-se para a discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2011, o que só pode acontecer se o documento for aprovado. Gato escondido com o rabo de fora?

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