Freitas do Amaral e Eanes não se entendem quanto a Camarate e ao destino de uns dinheiros militares. Freitas diz que já não pretende uma comissão de inquérito “só a pensar em Camarate”, mas tem suspeitas de que se possa ter tratado de um atentado, porque Amaro da Costa seguia o rasto de dinheiros do Fundo de Defesa Militar do Ultramar e da venda de material de guerra a países estrangeiros. Sustenta Freitas que é “incompreensível que um país que deixou de ter um Ultramar em 1975 tivesse, em 1980, um Fundo de Defesa Militar do Ultramar.”
Eanes, que, enquanto Presidente da República, foi responsável pelo Fundo de Defesa Militar do Ultramar desde 1976, veio a correr garantir que o fundo foi extinto em 1980. Mas Freitas não desarma (“O fundo não foi extinto naquela altura? Foi extinto por despacho? Será que já foi extinto?”), sustentando que não só o decreto-lei que extinguia o fundo não fixava uma data para o efeito como encontrou nos arquivos da oitava comissão parlamentar a Camarate alguns exemplos da situação nebulosa que rodeava este fundo (v.g., duas contas bancárias relacionadas com o fundo, em nome individual de duas pessoas que não conseguiu identificar, e que não estavam devidamente registadas na contabilidade). Daí que o ex-líder do CDS insista que é imperioso “saber se houve probidade no gasto de dinheiros públicos.”
Entretanto, Eanes voltou a falar da questão, afirmando agora que pode ser “interessante esperar mais algum tempo”, porque este ano irão ser desclassificados “documentos confidenciais dos Estados Unidos em relação àquela época”.
Ora tantas divergências e farpas dão um espectáculo indecoroso. Não seria o momento de dar alguma utilidade à comissão de honra do candidato Cavaco, na qual têm assento Freitas e Eanes? Ou aquilo é só para limpar o pó aos jarrões?
E o camarada Mário Soares não tem uma opnião sobre isto?
ResponderEliminar