segunda-feira, outubro 10, 2011

“Em matéria de justiça, já não estamos muito longe dos períodos mais obscurantistas da nossa história”

• A. Marinho e Pinto, Garantias processuais:
    ‘Quando num estado de direito democrático ouço proclamações de juízes de direito conta o que apelidam de «excesso de garantismo» processual em direito penal; quando ouço juízes de direito a reivindicar publicamente - sem corarem - o direito de condenarem arguidos em julgamento com base em confissões prestadas a outros magistrados noutras fases processuais; quando vejo essa aberração que é o sindicato de juízes portugueses atacar publicamente advogados que no exercício dos deveres do mandato exigem o respeito dos direitos dos seus constituintes; quando vejo o Parlamento da República legislar a reboque de um tablóide sensacionalista de Lisboa e do seu cortejo de magistrados fundamentalistas, de políticos oportunistas, de advogados sequiosos de exibição mediática e da turba de justiceiros ignorantes que exigem sempre leis mais duras e penas mais pesadas para todos os crimes; quando, nessas circunstâncias, vejo o Parlamento da República aprovar a criação de um novo tipo legal de crime, o enriquecimento ilícito, cuja única novidade consiste em eliminar as garantias processuais que distinguem o processo penal de um estado moderno do da Inquisição - quando vejo tudo isso no meu país já não tenho dúvidas de que estamos à beira de transformar o direito penal num instrumento de terror ao serviço de objectivos que nada têm a ver com as finalidades específicas do direito em geral. Infelizmente, em matéria de justiça, já não estamos muito longe dos períodos mais obscurantistas da nossa história.’

3 comentários :

  1. Marinho Pinto é dos poucos a dizer, com toda a coragem, que a balança da justiça portuguesa enferrujou, não anda nem desanda já não há equilíbrio, já não há justiça.

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  2. Obrigado Passos por me defenderes da turbamulta.
    Mas olha: mete a multa no saco e deixa a turba andar por aí. Se te derem umas boas murraças no focinho não faz mal. É em paga daquilo que tens andado a fazer à gente.
    Amor com amor se paga.

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  3. Com esta justiça,não andaremos longe da justiça popular.Esta vai pôr na ordem os ditos cujos.Não faltará muito.Depois queixem-se.

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