sexta-feira, novembro 11, 2011

E o Conselho Económico e Social, presidido pelo ex-ministro cavaquista Silva Peneda, conclui:

Lembram-se quando nos anos anteriores os jornalistas ficavam muito ofendidos porque tinham de esperar a entrega do OE numa pen e que ouvir o Ministro das Finanças pelo serão dentro? Isto era um escândalo, uma daquelas coisas que "só em Portugal", exemplo do amadorismo do governo. Este ano, o OE chegou ao parlamento a tempo e horas e os jornalistas puderam ir jantar já depois da conferência de imprensa de Vítor Gaspar, no passado dia 17 de Outubro. Mas o processo que envolveu a entrega das GOP (Grandes Opções do Plano) foi de trapalhada sem par, ao ponto de ter tocado a ilegalidade. O parecer do CES das ditas GOP, ontem disponibilizado, não deixou passar o episódio em claro, e faz uma crítica à incompreensível divergência entre o cenário macroeconómico que consta das GOP e do relatório do OE. Esta coisa de Gaspar andar a martelar tantos números em tão curto espaço de tempo não podia dar coisa boa.

Lê-se no parecer do CES (p.4-5):
    "2. O Governo apresentou a Proposta inicial das GOP 2012-2015 somente a 12 de Outubro de 2011, dia anterior à aprovação pelo Conselho de Ministros da Proposta de OE, o que inviabilizou a emissão prévia do parecer pelo CES. É incompreensível que o Governo não tenha apresentado ao CES o seu projecto de GOP em início de Setembro, logo após a aprovação pelo Conselho de Ministros do Documento de Estratégia Orçamental 2011-2015. Só deste modo seria possível ao Governo aprovar e entregar na Assembleia da República a sua Proposta de Lei das GOP previamente ou em simultâneo com a Proposta de Lei do OE.3. A situação é ainda mais estranha por a versão de GOP enviada ao CES, em 12 de Outubro, apresentar políticas e um quadro diferente das que constavam no Relatório que acompanha a proposta de OE aprovada no dia seguinte.

    As diferenças são particularmente evidentes a nível das projecções macroeconómicas para 2012 como se pode verificar no quadro seguinte:



    4. Tais incongruências levaram o Governo a substituir a sua proposta por outra, entregue em 20 de Outubro, que apresenta somente um quadro macroeconómico para 2012, coincidente com o do OE, ignorando o facto de as GOP deverem obrigatoriamente abranger o período 2012-2015. O Governo fundamenta esta nova versão com o referido nos penúltimos parágrafos da versão inicial da Exposição de Motivos, que referem que “o cenário macroeconómico, resultante do Documento de Estratégia Orçamental e incorporado na exposição de motivos e nas 1ª e 2ª Grandes Opções, encontra-se actualmente em apreciação, de modo a incluir a informação relativa aos recentes desenvolvimentos internos e externos” e que, “por essa razão, será objecto de revisão até à entrega do Relatório do Orçamento do Estado para 2012 ao Parlamento, em função da necessidade de incorporação de dados actualizados”.

Gaspar, o ministro de germânica competência, produz dois cenários diferentes para 2012, e sobre 2013, 2014 e 2015 nem um número. Ainda bem que ele não estava cá quando o PSD, há uns meses, se queixava da falta de transparência da informação prestada pelo governo Sócrates, acusado de manipular os números a seu belo prazer.

Cambada de vigaristas, é o que isto é.
    Pedro T.

7 comentários :

  1. Cá se fazem, cá se pagam... E quanto mais tarde se fizer justiça a esta corja toda, mais altos serão os juros.

    ResponderEliminar
  2. Podiam ser uns vigaristas competentes mas nem isso. São logo apanhados!

    ResponderEliminar
  3. O que é certo é que apesar do magnífico trabalho do CC ( e outros), desmascarando esta corja de aldrabões, somos depois confrontados com um PS, no parlamento, ridículo, triste, sem ideias e sem força.
    Hoje quando o seguro começou a falar, mudei de canal passados 2 minutos.

    ResponderEliminar
  4. A barulheira à volta do orçamento de há um ano arvorado em escândalo de lesa Estado"com a adjectivação recomendada sobre incompetências e outras desqualificações,segue-se o silêncio comprometido e recomendado acerca das críticas do Conselho Económico e Social espantosamente honesto dos C.M. e pasquins adjacentes com os apêndices televisivos.Ainda me espanto que o (in)Seguro ande a "negociar"com gente que tinha obrigação de saber que está a milhas de ser séria.Alguém duvidava que o (des)governo cederia ou reconheceria um "pentelho"que fosse nas inconstitucionalidades que este pseudo orçamento enferma?

    ResponderEliminar
  5. ...e mais isto e mais aquilo, mas passar da abstenção é que não passaram. Afinal o que é que faltou? Hein? Que decepção.

    ResponderEliminar
  6. O que faltou? Talvez um pouco de dignidade!

    ResponderEliminar
  7. Faltou um Socrates á frente do PS, essa é que é essa. Pode ter todos os defeitos do mundo mas não leva desaforo para casa.
    Houve negociata entre o Seguro e o Passos antes desta balburdia da discussão do orçamento toda, só que no psd, fiel ao seu estilo troca tintas, nunca se pode confiar. E assim se ridiculariza um lider de oposição que ainda tem muito pó que comer antes de chegar sequer á unha de Socrates.
    Novato, incoerente e coberto de ridiculo, assim vai o lider do PS...

    ResponderEliminar