sábado, dezembro 03, 2011

Soares

• Pedro Adão e Silva, Um político assume-se:
    ‘Podemos todos já ter discordado de Mário Soares em vários momentos, mas todos lhe reconhecemos uma intuição política rara, uma espécie de ‘astúcia da razão’ que não se aprende. Este elemento intuitivo choca com a ideia hoje prevalecente de que a ação política mais eficaz é baseada na racionalidade informada – através da leitura de sondagens e de focus groups. Ora, se pensarmos bem, nas grandes opções – quando afrontou o Estado Novo e rompeu com a unidade da oposição; quando defendeu a opção europeia e a democracia liberal contra a deriva totalitária; e, mais recentemente, quando criticou a colonização ideológica da social-democracia – Mário Soares arriscou e teve as intuições certas.

    Esta propensão ao risco serve, aliás, para contrariar uma ideia feita em relação a Soares. Ao contrário do que é muitas vezes sugerido, não foi um político que, ao longo da sua vida, interpretou o sentimento da maioria e o procurou representar. O que se passou foi quase sempre o oposto. Não estamos perante alguém que se limitou a gerir silêncios e expectativas, aguardando que as suas posições se tornassem maioritárias. Pelo contrário, o percurso de Soares revela uma interpretação da ação política ao arrepio da visão calculista. Os exemplos em que provocou ruturas e contrariou o ambiente político da época são muitos. Foi essa atitude que lhe permitiu transformar ideias incertas e minoritárias em posições maioritárias e até hegemónicas.’

3 comentários :

  1. Não obstante os seus 86 anos, Mário Soares é, neste momento, o único político português com um elevado grau de lucidez. Parabéns ao Marocas!

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  2. Mário Soares é actualmente o último grande político português. Doa a quem doer.Engasgue-se quem se engasgar.

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  3. Vou comprar o livro.
    Alem de adorar desde sempre MS, o livro retrata em simultaneo a sua vida e a historia de Portugal.

    Força Mario!

    G.

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