quarta-feira, fevereiro 29, 2012

A propósito da conferência de imprensa do ministro das Finanças


Público


1. A grande novidade da conferência de imprensa dada ontem pelo ministro das Finanças foi a estimativa da taxa de desemprego: 14,5%, um valor record que ultrapassa tudo o que o próprio Passos Coelho havia dito. O ministro das Finanças faz tudo para se manter como o ministro mais popular e já nem tem problemas em desdizer o primeiro-ministro, que ainda há pouco mais de uma semana garantia na Assembleia da República que os 14% do final de 2011 não eram um número de referência por causa da sazonalidade. Gaspar, com uma enorme frieza, desmente Passos.

2. Tendo em conta a explosão do desemprego, como é possível que o Governo faça esta conferência de imprensa e não anuncie um plano de emergência para o emprego, quando o próprio Conselho Europeu de sexta-feira tem o assunto na agenda? De facto, como diz Seguro, o primeiro-ministro está de “braços caídos” perante o país (embora de “mangas arregaçadas” na nomeação da sua clientela partidária para o aparelho do Estado).

3. O aspecto mais positivo (um dia Gaspar acabaria por falar sem ser para aumentar impostos) para a economia portuguesa foi a maior atenção às condições de financiamento das PME, como, aliás, o PS — diga-se aqui porque os jornais têm esquecido de o referir — tem vindo a reclamar. Assim, a redução da exposição das empresas públicas e o acesso às linhas do Banco Central Europeu devem permitir um aumento do crédito para as PME (e especialmente às exportadoras).

4. O cumprimento do memorando tem de ser adaptado à realidade. Finalmente, a troika aceitou a proposta do PS para um maior financiamento das empresas. No mesmo sentido, é positivo o pagamento de 1.500 milhões de euros da área da saúde — e só é pena que o Governo esteja à espera do consentimento da troika para demorar seis meses a começar a aplicar algo que Passos Coelho prometeu: o Estado ser uma pessoa de bem, pagando a quem deve.

5. É de notar também que, mais uma vez, o preconceito ideológico leve a que a Caixa Geral de Depósitos continue discriminada no acesso aos 12 mil milhões euros, que são apenas um benefício para os pobres dos bancos privados.

6. Na área das reformas estruturais, infelizmente o Governo só deu praticamente relevo ao mercado de trabalho. Percebe-se que, infelizmente, ainda pouco se avançou no mercado energético — e nas áreas da simplificação administrativa, na justiça, etc., muito pouco está feito.

2 comentários :

  1. "ainda pouco se avançou [...] nas áreas da simplificação administrativa, na justiça, etc., muito pouco está feito."

    Então não estão fartos de fazer coisas?

    Na área da simplificação administrativa os contribuintes que declaram IVA foram obrigados a criar uma conta email no via CTT.

    Nada mau... andou o governo anterior a simplificar (*) para estes liberais atrasados mentais chegarem e em 9 meses começarem a estragar tudo.

    E o que vale é que este governo está praticamente paralisado. Não fazem nada, têm medo de tomar decisões. Imaginem se fossem uns tipos dinâmicos e com iniciativa... estávamos lixados com F. É que o pouco que fazem dá asneira.

    O da educação está imobilizado porque o MEC é demasiado grande... também quem é que se lembra de colocar um comentador de televisão como Ministro da Educação? A outra reza para que chova... e assim por diante.

    Estamos bem entregues estamos.

    Um anónimo que votou no PSD (mas não numa coligação com o Paulinho das feiras).

    (*) Casa pronta, alteração de morada a partir de casa com o leitor e cartão do cidadão, conservatórias, notariado, etc, etc, etc.)

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  2. Reformas no tempo da socratice, quais foram? Sinceramente tirando a S.Social que de reforma pouco teve limitou-se a baixar os valores das mesmas quais foram as outras e que efeitos no país? Mercado energético, hum cheira-me a algo... e quando a factura chegar paga Zé e não bufes.

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