- 'O juiz Garzón foi um inventor de ideias e práticas judiciárias, levando o Direito para áreas que não lhe estão subtraídas, mas em que habitualmente se não arrisca a penetrar. Revelou-se um homem corajoso e criativo, demonstrando que o julgamento da História pode recorrer às armas do Direito e que este é um projeto superior de realização da Justiça.
Na sua originalidade, Garzón sobrepôs ao rigor do método da Justiça a paixão da ação política (que chegou a abraçar). Procurou a punição dos criminosos a todo o custo e terá confundido o papel do juiz com a função do legislador. O caso que estava a investigar escapará, provavelmente, às malhas da Justiça, o que representará para ele uma segunda punição.
Nem sempre Garzón foi apoiado pelas melhores razões. Hoje, os seus inimigos políticos atacam-no em nome da Justiça, enquanto alguns juízes apagados violam quotidianamente a lei, não só por ignorância mas também confundirem a sua visão do mundo com o Direito. A pena de inabilitação não é aplicada com frequência, mas Garzón paga pelo mediatismo.
Resta saber se esta severa punição pertence ao Direito ou à Política. Garzón abriu uma Caixa de Pandora que acabou por o vitimar. Porém, com o seu caso, a credibilidade do Direito fica ferida de morte, porque a sua razão está contaminada por interesses que lhe são estranhos – tanto nas decisões do juiz inibido do cargo como na sentença dos que o condenaram.'
É sempre agradável ver alguém lúcido a discorrer sobre assuntos sérios.
ResponderEliminarGarzón pecou ao maquiavelizar os procedimentos.
Não sei se deveria ser condenado por tal pois não tenho conhecimento que baste para tanto mas que os que o puniram estão longe de aplicarem a justiça e perto de serem justicialistas é a mho.