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Rui Ramos há-de um dia arranjar forças para glorificar a Fomentinvest, quando ziguezaguear pela história da segunda década do século XXI. Ilídio Pinho, em sintonia com o terrível Ângelo, fez de um estudante serôdio um administrador da sua holding, num processo instantâneo de fermentação para o alçar a São Bento. É o criador de Passos Coelho que ontem deu uma entrevista, que vale a pena ler, porque nela se encontram as pegadas do percurso do governo mais reaccionário após o 25 de Abril.

A Constituição é um “empecilho” ao desmantelamento do Estado Social? “Altere-se a Constituição. O problema existe, ataca-se e resolve-se. Não devemos ter de respeitar uma coisa que está obsoleta.” É que para Ilídio Pinho “[o] Estado pesa 50% do PIB, isto inviabiliza o país.”

Será que então o criador de Passos Coelho quer destruir o SNS, a escola pública e a protecção social, que, no seu conjunto, consomem a maioria dos recursos do Estado? Não é bem assim. Ilídio Pinho preconiza a criação de um Estado mínimo para os deserdados, devendo a classe média suportar as suas manias de grandeza no que respeita à saúde ou à educação: “O Estado deveria oferecer os serviços de saúde a todos e por igual. Quem quiser mais, paga. No ensino, a mesma coisa.”

Neste caminho para o empobrecimento, Ilídio Pinho parece não encontrar alternativa à suspensão da democracia por seis meses tempo indeterminado: “A situação tenderá a agravar-se se continuarmos a ter uma Assembleia da República muito mais interessada nos debates partidários do que na resolução construtiva dos problemas nacionais.”

Eis uma pequena amostra do que pensa o criador de Passos Coelho — esse que em São Bento está em comissão de serviço: “se um dia quiser voltar [à Fomentinvest] tem as portas escancaradas”.