• António-Pedro Vasconcelos, Brincadeira de mau gosto ou provocação? [hoje no Público]:
- ‘Mas o que parece extraordinário, e só pode ser encarado como uma brincadeira de mau gosto ou uma provocação, é que o SEC considere uma prioridade este PNC [Plano Nacional de Cinema], quando paralisou o sector há mais de um ano, deixou que se extinguisse um Fundo de Apoio ao Cinema e ao Audiovisual (FICA), onde se perderam cerca de 60 milhões de euros para o sector (que não vinham do OE nem dos contribuintes), e encomendou ao seu gabinete uma lei que a maioria aprovou no Parlamento sem discussão e que, por deferência para com a imagem que conservo do intelectual e do escritor, admito que ele não tenha sequer lido; uma lei que levou cerca de um ano a elaborar, sem ninguém do sector ter sido ouvido, ao contrário do que se diz, sem pudor, no preâmbulo, que é pior do que a anterior e do que o próprio "projecto-de-lei Canavilhas", que a mesma maioria chumbou no Parlamento; uma lei que aguarda (até quando?) regulamentação, cuja aplicação é, nalguns casos, protelada, cuja eficácia é duvidosa, e que contraria afrontosamente (o que começa a ser prática comum) o próprio programa do Governo.
A sala da Cinemateca seria o local certo para esta cerimónia (que marca a reaparição em cena de Francisco José Viegas, depois de um ano em que se limitou a trocar Diogo Infante por João Mota, no Teatro D. Maria II, e António Mega Ferreira por Vasco Graça Moura, no CCB), não fora o facto de a instituição que zela pelo nosso património cinematográfico estar a viver com dificuldades que comprometem a eficácia do seu trabalho; e não fora o facto de se estar a querer ensinar as crianças a ver cinema (nomeadamente português), quando se condena o sector à inactividade. Eis porque, na rentrée, esta iniciativa pedagógica soa a brincadeira de mau gosto ou a provocação. Para quê ensinar os nossos filhos a ver cinema, se se condena o cinema português à agonia, e as salas (pelo efeito perverso do aumento do IVA nos bilhetes) a ficarem às moscas? Para quê tentar educar os nossos jovens, se abdicarmos de um instrumento que deveria estar ao serviço da formação do gosto, do sentido crítico e do conhecimento, como deve ser a RTP?’
Mas ele não avisou já que está de saída?
ResponderEliminarE se bem calhar desde o dia da entrada...
Kilas.