sábado, novembro 10, 2012

De caras

• Pedro Adão e Silva, DE CARAS [hoje no Expresso]:
    ‘Convém não esquecer como tudo começou. Este primeiro-ministro alcandorou-se ao poder afirmando que o desequilíbrio das contas públicas não implicava mais sacrifícios para os portugueses, pois tudo se resolvia cortando nas gorduras do Estado. Nunca saberemos qual foi a intenção da estratégia. Mas ou estávamos perante um caso de pura ignorância ou de demagogia desbragada que não olhou a fins para ganhar eleições. Independentemente da conclusão, as consequências são evidentes. Uma vez no poder, a margem de manobra de Passos Coelho estaria irremediavelmente comprometida — quando fosse necessário, nenhum português lhe reconheceria legitimidade para ser protagonista de um debate sério sobre funções do Estado e cortes na despesa. Para princípio de conversa, a estratégia de Passos Coelho não foi má, foi péssima.

    Chegados aqui, os contributos do Governo continuam a não ser os melhores. Não apenas aguardamos um mea culpa face ao embuste da campanha, como, no mínimo, era necessário que se arrepiasse caminho perante o desastre da estratégia orçamental dos últimos dois anos. Era a única forma de se iniciar o debate alargado e politicamente sustentável de que necessitamos. Em lugar disso, o Governo finge que não teve nada a ver com a conversa sobre as gorduras do Estado, assobia para o ar perante o fracasso da execução orçamental e omite o que de facto se passou com a 5.ª avaliação da troika.

    Mais grave, a pairar por cima de tudo isto continua a mesma incompreensão do Executivo em relação às exigências éticas associadas à austeridade. Ninguém tinha dúvidas de que o que nos esperava era muito difícil, mas, também, um mínimo de bom senso bastava para se perceber que todos os cuidados eram poucos para que a aplicação do memorando fosse politicamente exequível. E também aqui o Governo deitou tudo a perder, delapidando o capital de que agora necessita, desde logo para garantir a sua sobrevivência. Na última edição do Expresso, uma fonte governamental afirmava, com uma ligeireza chocante, "de caras, podemos cortar 50 mil funcionários públicos". Ou seja, para este Governo, tudo se resolve, de caras, acrescentando desempregados aos desempregados, como se se estivesse a somar parcelas abstratas numa folha de cálculo.’

3 comentários :

  1. "Não apenas aguardamos um mea culpa face ao embuste da campanha"

    Impossível, o homem só sabe dizer mentiras. Havia um buraco colossal que ele, coitado, desconhecia.

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  2. gorduras do estado cortam-se so desempregando pessoas - e nao podem ser 2 ou 3 para ter efeito nas contas tem que ser milhares, vamos aprovar ? quem vota a favor?
    Os votantes do PSD quando lhes pediram para escolher entre FLeite e este incompetente votaram como se viu. Quem vai obriga-los a pagar pela escolha?
    Os eleitores a quem comprou submarinos inuteis deu o dobro dos votos.Quem os censura?
    Quem pode/deve provocar a mudanca sao os eleitores. Talvez alertar com factos serios e bem elaborados ajude. Com demagogia so vai piorar.

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  3. a demagogia começa logo no autor do texto (a prestar o favor a quem lhe deu protagonismo - o ultimo governo xuxa para quem não sabe)ao afirmar que o PM enganou os portuguese! Será que o PM sabia dos buracos que havia debaixo do tapete (PPP's fora do orçamento, divida das empresas publicas fora do orçamento ... etc)? Naõ me parece e agora compreende-se porque é que o boca-torta (Silva Pereira para o amigo Socrates)nunca forneceu os valores pedidos pelo Catroga???? Curioso!!! quem enganou os portuguese foram os xuxas e o autor deste texto que não é imparcial no comentário que faz!!! Continuem a fazer barulho com a vossa maquina de propaganda pois pode ser que o povo ao fim não seja tão estupido como vocês gostariam, e vos ponha à sombra mais 4 anos!!! Aí sim era a possibilidade de sermos novamente uma grande Nação!!!

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