• Pedro Adão e Silva, A arte de não saber durar [hoje no Expresso]:
- ‘O maior enigma da política portuguesa do século XX é a longevidade do salazarismo. Como foi possível um regime autoritário durar tanto tempo enquanto quase toda a Europa ocidental abraçava a democracia? Naturalmente que um aparelho repressivo poderoso foi importante. Mas não explica tudo. Ao longo dos tempos, Fernando Rosas tem respondido a este puzzle de modo convincente: para o historiador, "a arte de saber durar" de Salazar assentou numa articulação singular de interesses económicos e sociais, alguns deles contraditórios, através de um poder político muito personalizado, com graus importantes de autonomia em relação às várias partes.
(…)
Estamos confrontados com um enigma do mesmo tipo, ainda que com contornos distintos. Um ano e meio depois, só nos podemos questionar: como é possível termos um primeiro-ministro tão exímio na arte de não saber durar?
(…) Contudo, Passos Coelho tinha condições políticas favoráveis (…). Surpreende por isso que Passos Coelho tenha sido tão célere a delapidar o seu capital político. De tal modo que é hoje primeiro-ministro de um Governo que, de facto, já acabou: não tem iniciativa, não tem uma linha política percetível e falhou as metas que definiu, perdendo credibilidade. Acima de tudo, não se chega a perceber com que grupos sociais se propõe governar e qual o objetivo estratégico que prossegue.
Hoje, perante a sucessão de declarações que variam entre o contraditório, o incompreensível e o mau português, tem-se tornado difícil analisar a ação de Passos Coelho. É que uma coisa é fazermos uma avaliação das propostas do Governo com base no seu conteúdo, outra, bem distinta, é tentar perceber até que ponto as decisões obedecem a critérios de racionalidade e visam criar uma coligação social de apoio. Chegámos, hoje, a um ponto tal que, sendo ainda possível encontrar quem defenda a estratégia que, com dificuldade, se vislumbra no Governo, tornou-se virtualmente impossível encontrar alguém que reconheça capacidades a Passos Coelho. No fundo, parafraseando António José Teixeira em comentário na SIC-N esta semana: "Temos dificuldade em olhar para Passos Coelho como um primeiro-ministro."’
Já eu tenho dificuldades em olhar para Passos, ponto.
ResponderEliminarNão consigo compreender como é que alguém com esta capacidade para nos cobrir de vergonha lá fora e cá dentro continua a ocupar a cadeira de primeiro ministro.
É notória a dificuldade deste simplório em perceber o que se passa á sua volta.
É imperativo colocar-lhe os patins e deixar a tarefa para quem tenha verdadeira capacidade para isso , alguém que não se encontrá neste governo, como é óbvio.
Talvez a Cachupa.
ResponderEliminarMas agora com o cabelo ralo e um ar tão consumido e assustado, se calhar nem ela lhe reconhece quaisquer capacidades.
Uns passeiozinhos na rua, cá em Portugal, acabavam com o resto.