segunda-feira, dezembro 24, 2012

“O resultado”

• Ana Sá Lopes, Uma guerra intensa e injusta:
    ‘(…) é difícil atribuir a um problema de comunicação a escolha pelo primeiro-ministro de uma homenagem a ex-combatentes na Associação de Deficientes das Forças Armadas como palco óptimo para comparar a situação portuguesa com “uma guerra intensa” que “às vezes nos parece tão injusta, porque é, como as guerras que tiveram lugar e como a guerra do Ultramar, que produziu este resultado”.

    Passos não se comove com minudências – ter à sua frente uma audiência de deficientes das Forças Armadas (“o resultado”) e mesmo assim aproveitar para pedir a cada português que se aliste e que se torne “um soldado disposto a lutar pelo futuro do país” é uma alucinação política.

    (…)

    O “inimigo” que Passos Coelho identifica também não poderá ser a Europa, ou as políticas que a Europa impõe a Portugal neste momento. Passos está plenamente de acordo com a nomenclatura europeia e definiu como estratégia a aceitação cega – ao contrário do italiano Mario Monti e de Mariano Rajoy, dois homens da sua família política que souberam impor-se, negociar e obter condições mais favoráveis para os seus países.

    Admitamos que vivemos um estado de guerra económica em que a sobrevivência do país como o conhecemos nos últimos 20 anos está em risco. Em que não nos podem anexar território – mas podem fazer regredir 30 anos no que respeita a desenvolvimento social. Se isto é uma guerra, a batalha só pode ser contra quem aceita recuar aos confins da história. Infelizmente para Passos Coelho e para a imagem que gosta de fazer de si próprio, ele encarna o inimigo. “O resultado” vê-se nos números da decadência social.’

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