quinta-feira, janeiro 03, 2013

"Por que não nos deveremos comparar então com os espanhóis, que acabam de conseguir condições mais favoráveis?"

• Rui Pereira, Um só voto para 2013:
    'O meu modesto voto para 2013 é que o novo ano não nos faça ter saudades de 2012. Ainda há quatro meses, no Pontal, o primeiro-ministro asseverava que "o próximo ano não será de recessão", "será o ano da inversão na atividade económica" e do "alívio das famílias". Agora, porém, o discurso é muito mais reservado: "ainda não podemos cantar vitória sobre a crise, mas estamos mais perto de o conseguir". Ora, esta proposição é verdadeira em todos os cenários, excetuando o de uma crise perpétua – que constituiria uma contradição nos termos.

    O que mudou entre agosto e hoje? A política de "austeridade" provocou um profundo (mas esperado) efeito recessivo, implicando a diminuição da receita fiscal e o aumento dos encargos com prestações sociais. Portugal caiu num círculo vicioso: os cortes na despesa e os aumentos de impostos implicam uma compressão da receita que não permite atingir os níveis de défice projetados. O resultado é o empobrecimento do País, o crescimento do desemprego, os sacrifícios dos trabalhadores e dos pensionistas e a eliminação progressiva da "classe média".

    (…)

    Chegados a este ponto exato, confrontamo-nos com um argumento "ad terrorem" que tem a pretensão de encerrar o debate: não há alternativa! Seria bom desenvolver políticas que favorecessem o crescimento económico, mas não é possível fazê-lo devido ao garrote aplicado pelos nossos credores. Mas, se é assim, está em falta outra explicação: que razão misteriosa nos leva a rejeitar uma renegociação da dívida? A comparação com a Grécia? Por que não nos deveremos comparar então com os espanhóis, que acabam de conseguir condições mais favoráveis?'

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