quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Clube dos Cronistas Mortos

    ‘O que um gajo aprende nestes tempos de "rebeldia" literária. Então não é que o Cerejeira foi vítima da censura, o que parece fazer dele um amante da liberdade? E não é que no Estado Novo é que se vivia bem? Ou que talvez por culpa dos treze anos de guerra em África é que não entrámos mais cedo na CEE? Caramba, que azar. E que sorte a nossa termos tido uma economia tão pujante, a sociedade tão viva e participativa, a imprensa com tanta qualidade e por aí fora. Diz que esta é a narrativa que a "nossa direita" tem para contrariar a mitologia da esquerda sobre a "longa noite do fascismo". Não era preciso tanta criatividade. Vale mais a pena dizer tudo em poucas palavras: ditaduras hard ou menos hard são ditaduras, não têm defesa, nem argumentos legitimadores, nem narrativas desculpabilizantes. A direita que pretende acomodar o salazarismo com números e estatísticas não faz mais do que dar a vitória antecipada à esquerda. Porque um regime sem liberdades, tenha ele uma natureza militar ou paroquial, não passa à bondade da história por uma afirmação numérica. É um combate perdido ontem, hoje e sempre. E ainda bem.’

2 comentários :

  1. No tempo do Cerejeira era melhor, muito melhor.

    A malta também se chorava muito, mas os pedreiros não estudavam até aos trinta anos como hoje os arquitectos.

    Iam para a França aos 18 anos e mandavam religiosamente as remessas.

    Agora os arquitectos que após os trinta também emigram, que enviem também uns trocados para ajudar à despesa que fizeram.

    No tempo do Cerejeira os banqueiros eram poucos agora são muitos.

    Temos que dar o litro para encher a barriga a todos.

    No tempo do Cerejeira o Benfica nunca teria o Vale e Azevedo como presidente, a PIDE não deixava.

    O PInto da Costa também não pagava passagens aos árbitros para as Caraíbas, a PIDE não deixava.

    E no Sporting nunca o Santana Lopes ia a Presidente nem a 1º ministro.

    «A-dívida-da-madeira» era termo que o Cerejeira jamais saberia o que queria dizer.

    No meu tempo não era bom, mas havia «vergonha-na-cara».

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  2. É, a pide preocupava-se imenso com a seriedade. Nem havia corrupção nem vigaristas nem nada. Eram menos, é certo, mas o lápis azul reduzia-os a zero se pertencessem ao círculo dos protegidos. Havia homens que namoravam miúdas de 13 anos e a isso não se chamava pedofilia. Não havia serviço que andasse sem uma nota por trás nem se arranjava um bom emprego sem padrinho, mas como isso não tinha nome, era como se não existisse. Hoje temos os boys e as grandes negociatas mas as coisas têm nome e todos os que querem saber, sabem.

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