sexta-feira, fevereiro 22, 2013

'Um perdão de dívida terá de se colocar'


Eduardo Ferro Rodrigues dá hoje uma entrevista ao Sol. Eis algumas passagens:
    - Reitero a pergunta: até que ponto a renegociação tem de incluir um perdão da divida pública?
    - A questão é bastante mais complicada de responder do que há um ano. Hoje há uma parte - que julgo muito significativa - da dívida que voltou a instituições financeiras portuguesas e ao BCE. Portanto, tudo o que seja perdões de dívida que não acautelem a rendibilidade do sector financeiro poderá ser um regresso ao passado, a uma situação de quase explosão do sistema. Para haver um perdão de dívida - e isso pode ter de vir a se colocar - isso terá de ser colocado pelos próprios credores como base e elemento fundamental para o próprio pagamento da restante dívida.

    (…)

    - Portanto, nem o facto de ver Paulo Portas a coordenar a reforma do Estado lhe serve de garantia?
    - O facto de o ministro Paulo Portas estar a coordenar essa matéria pelo menos permite que se antecipe que será feito com mais inteligência, mas não quer dizer que seja feito com uma perspectiva mais progressista.

    (…)

    - O Presidente da República devia ser mais interventivo?
    - Tem sido pouco visível. E não sei até que ponto isso significa passividade ou apenas algo de aparente. O que penso é que - e isso vai acontecer ainda com este Presidente vamosprecisar de ter um Governo com uma maioria muito alargada, com uma base social muito alargada. E para isso vai ser preciso um Presidente mais interventivo e actuante do que este Presidente.

2 comentários :

  1. Se ele tivesse essa capacidade interventiva , estavamos safos mas, infelizmente, o homem, para além de medíocre,tem telhados de vidro (na casa da Coelha,na SLN/BPN).

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  2. Perdão de dívidas e alijar o fardo. É um tema que deve ser debatido com urgência pela "classe" política, com coragem e frontalidade. Não só relativamente aos Estados sob as patas do capitalismo financeiro internacional, como também às famílias portuguesas. É imperioso encontrar um plano nacional e patriótico que acuda às famílias endividadas que caíram no desemprego. Uma moratória que seja.

    Inspirem-se em Sólon e a sua legislação sobre o Perdão de Dívidas, de há mais de 2500 anos.

    Também as famílias portuguesas precisam que a "classe" política legisle com vistas a um plano nacional e patriótico de "Perdão de Dívidas", ou coisa parecida, inspirado no "Alijar do Fardo" (Seisachtheia) do legislador Sólon, há mais de 2500 anos.

    Sólon afirmou:

    "Mas eu, dos objetivos em que reuni
    o povo, algum há que deixei de atingir?
    Pode testemunhá-lo na justiça do tempo
    a mão suprema dos deuses olímpicos,
    a melhor, a Terra negra, de quem eu, outrora,
    os marcos arranquei, por todo o lado enterrados:
    dantes era escrava, agora é livre.
    Muitos a Atenas, pátria fundada pelos deuses,
    reconduzi, vendidos ora injustamente
    ora com justiça. Uns, ao jugo
    das dívidas fugiam - e já nem a língua ática
    falavam, por tanto andarem errantes;
    outros, na própria casa servidão vergonhosa
    sofriam, trémulos aos caprichos dos senhores:
    eu os tornei livres."


    Centenas de milhares de famílias portuguesas vivem sob a ameaça da banca financeira, que se apropria das suas casas e as mantêrm depois escravas ainda das suas dívidas para o resto da vida, lançando ainda na pobreza milhares e milhares de fiadores, na maioria deles seus pais.

    É urgente um estudo profundo sobre como acudir a estes portugueses, cujos bens, vendidos em leilão, estão a alimentar a banca e uma nova classe de novos ricos e especuladores.

    O sistema partidário português não pode continuar indiferente a esta tragédia, que afecta avós, pais e netos, três gerações de uma assentada.


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