"O país não precisa de pequenos catequistas"

• Francisco Assis, Uma nova forma de participação política [hoje no Público]:

‘No caso português, é óbvio que a permanência de um Governo tão notoriamente incapaz em nada concorre para o sucesso de uma prática política susceptível de gerar o respeito e a adesão populares. Tal circunstância acaba por cometer especiais responsabilidades à oposição. O Partido Socialista tem o dever de se colocar num outro plano na disputa política portuguesa. Só assim estará em condições de suscitar o respeito de todos aqueles que nos últimos meses têm manifestado uma profunda desconfiança no funcionamento do sistema político e se têm aproximado de um cepticismo respeitável mas inconsequente. Exige-se hoje ao PS que seja algo mais que uma mera alternativa de poder. Pede-se-lhe que consubstancie com rigor e com coragem um projecto sério de governação do nosso país. Isso não se alcança com a simples utilização de uma linguagem primária assente na ideia ingénua de uma nova forma de fazer política. Só poderá alcançar-se com a valorização da inteligência, da densidade, do rigor e da exigência na apresentação de um projecto capaz de suscitar a adesão da opinião pública. O país não precisa de pequenos catequistas, carece de verdadeiros políticos.’