sexta-feira, abril 26, 2013

A mão atrás do arbusto: entre o passado e o presente [3]


Vários dirigentes do PSD vinham dizendo que se guardavam para o momento de apresentação do programa anual de estabilidade e crescimento em Abril de 2011 (o PEC 4) para desencadear o assalto ao poder. “Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos” foi a senha do novo golpe em marcha. Balbuciou-a Cavaco a 9 de Março de 2011, aquando da tomada de posse como Presidente da República.

Intensificaram-se então as reuniões conspirativas que juntaram Belém, partidos da oposição e banqueiros. Paulo Teixeira Pinto, um antigo delfim de Cavaco, foi incumbido de preparar uma “constituição da República” (cf. as séries “Dinamite Constitucional” e “Nitroglicerina constitucional”) que se adaptasse à “revolução” que se avizinhava.

Nas vésperas do chumbo do PEC 4, Cavaco eximiu-se a procurar uma solução que evitasse a entrada da troika. Sonso como só ele sabe ser, disse: “Esta questão passou muito rapidamente para o plano dos partidos e da Assembleia da República. Pela forma como o programa foi apresentado, pela falta de informação, pelas declarações que foram feitas quase nas primeiras horas ou até nos primeiros dias, tudo isso reduziu substancialmente a margem de manobra de um presidente da República actuar preventivamente.” Em resposta a um apelo de Mário Soares para que interviesse para evitar eleições e a invasão da troika, acrescentou Cavaco: “Sou totalmente isento e imparcial em relação às forças políticas e nunca entrarei no debate, na disputa dos partidos.”

Em suma:

Cavaco recusou-se a intervir, sabendo que o chumbo do PEC 4 significaria a entrada da troika em Portugal — cuja vinda foi, de resto, então saudada por Passos Coelho. Por outras palavras, quando poderia ser evitada a degradação da situação económica e social, Cavaco absteve-se de intervir; ontem, na Assembleia da República, quando seria lógico que assumisse uma posição em consonância com o reconhecimento de que o país está mergulhado numa espiral recessiva, Cavaco sobe ao palanque e ordena ao Governo que continue a escavar o buraco para onde o chumbo do PEC 4 atirou o país: — Tu, Vítor, continua a escavar, que eu guardo-te as costas.

5 comentários :

  1. Este miserável Presidente é tão isento como sério( quando não se ri, claro)!

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  2. O que nos saiu na rifa…. um presidente assim tão azelha, …

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  3. O homem que devia ter nascido maneta

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  4. Isto tudo para dizer que afinal esta BIRRA do José Seguro não é mais do que um ajuste de contas à maneira antiga?
    Para mim, não passam é todos de uns fanfarrões! Uns porque andaram a prometer uma coisa e agora fazem outra. Outros, porque viram-lhes a cadeirinha do poder e o saco azul retirados, e agora pretendem puxar o tapete a quem lá está!
    Façam mas é o que vos compete e governem com transparência! Para vós, apenas conta a vossa barriga. Que se lixe o povo!

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  5. Que nos saiu em rifa não! Em quem o pessoal, cego, votou! Pensando tratar-se de D. Sebastião! Povo cego e atrasado!

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