quinta-feira, abril 11, 2013

“A troika não previne e ameaça o Governo, ameaça os portugueses, os políticos portugueses, a democracia e o Parlamento português, porque Governo e troika são a mesma coisa”

• José Pacheco Pereira, hoje na Sábado:
    ‘(…) o Governo, ou pelo menos o primeiro-ministro, Relvas e Vítor Gaspar, já sabia há bastante tempo do "chumbo" do Tribunal Constitucional. Segundo, não há Plano B porque o Governo precisa de um impulso para o Plano A e pretende utilizar a decisão do tribunal como pretexto. O Plano A é o que consta do relatório do FMI sobre a "refundação do Estado".

    (…)

    Convém ao Governo mostrar que só é subserviente com a troika porque não tem outra opção e, no essencial, não pode discutir as ordens nem as orientações dos "credores". Começa por, na verdade, não ser correcto no plano político considerar que a troika representa sem mais nada os "credores".

    Não é verdade. A troika representa uma orientação económica e política que vai muito para além dos interesses dos "credores", implica opções de política europeia da Alemanha e do tipo de soluções tradicionalmente adoptadas por instituições como o FMI. E é por isso que troika e Governo, em particular a dupla Passos-Gaspar, não são algo de distinto da troika em termos de pensamento, soluções, discurso e acções. Acções em particular. E é por isso que o endurecimento da voz alemã e bruxelense é bem-vinda pelo Governo.

    O sujeito que nestes dias conduz um discurso comum, entre ameaças de parar os financiamentos, aparentes ultimatos sobre a não conclusão da avaliação, é apenas um. Seja dito por Barroso, por um funcionário menor da Comissão, por um comissário, por um ministro alemão das Finanças, por Passos Coelho, por Vítor Gaspar, é o mesmo.

    A troika não previne e ameaça o Governo, ameaça os portugueses, os políticos portugueses, a democracia e o Parlamento português, porque Governo e troika são a mesma coisa, falam com a mesma voz. A voz da troika é a voz do Governo, ambos danados porque alguém, neste caso o Tribunal Constitucional, pôs em causa a sua liberdade de fazer o que quer sem respeito por eles, troika e Governo, o mesmo sujeito.

    (…)

    A nossa tragédia nacional é ter um Governo que não é nacional.’

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