segunda-feira, abril 08, 2013

Com "o cimento Portas" e "Cavaco na betoneira"...


• António Correia de Campos, A limitação de avarias [hoje no Público]:
    ‘Desenganem-se os que esperavam a queda do Governo. Com o cimento Portas, qualquer parede resiste ao mais forte abalo. Com Cavaco na betoneira, este Governo não se dissolverá. Ainda agora derrotou a moção de censura, para quê enfraquecê-lo? Podem as reformas dos pensionistas ser cortadas? Portas convence-os de que é para bem deles, resistindo aos filhos que lhes cobiçam o andar e a conta amealhada com esforço. Podem os fundos agrícolas sofrer uma tesourada? Portas convence-nos de que sobreviverão os mais fortes para reconstruir a nova lavoura. Podem pagar imposto os muito pobres? Portas convence-os de que é por imperativo de solidariedade. Podem os inquilinos idosos ver a sua renda de casa quintuplicar? Portas aí estará, vigilante, para encontrar uma ajuda imaginativa. Podem os isentos passar a pagar taxa moderadora? Portas recomendar-lhes-á que recorram às Misericórdias. Portas não é apenas a parede, é o bastião que aguenta o Governo. Claro que ensaia manobras de diversão. Mandará aqui e ali umas vozes estranhas questionar o mais questionável, manifestar estranhezas, membros da direcção política pedir mudança de Governo. Um bailado. Aceitará umas cabeças, apenas. Por agora foi Relvas, para aliviar a tensão, depois será Álvaro, eterna carta fora do baralho que teima em nele se manter. Mais tarde pode ser Crato, apesar de ter entregue Relvas ao altar do sacrifício, se ousar não financiar o ensino particular, ou Macedo, se não der às Misericórdias aquilo que elas pedem. Um por um, Portas pode escolher os reféns.’

Sem comentários :

Enviar um comentário