domingo, agosto 25, 2013

Austeridade: parar de escavar o buraco ou fazê-lo mais devagar?


A posição sustentada aqui por João Ribeiro traduz as hesitações que a esquerda europeia tem revelado. Uma situação semelhante ocorre no Reino Unido e é excelentemente retratada por Robert Skidelsky num artigo intitulado Nonsense Economics:
    “In practice, the effect of deficit reduction policies depends not on the actual cuts made, but on the effect of these cuts on the level of economic activity. Spending cuts will not reduce the deficit if it reduces the economy at the same time, because the economy is the source of the government's revenues. Over the last two years, the government has taken about £100bn out of the economy in spending cuts and tax increases but there has been no reduction in the deficit as a percentage of GDP. This is because austerity has weakened the economy by just enough to nullify the fiscal ‘consolidation’.”

Neste contexto, seria assim tão difícil a João Ribeiro responder a Martim Silva que o PS fala tão pouco de cortes na despesa porque discorda que isso corresponda ao interesse do país — e que, ao contrário do consenso (pavloviano) nacional que a direita está a tentar construir, o PS não quer aproveitar esta crise — a política de “ir além da troika” — para desmantelar o Estado social?

É pela aceitação de posições como esta que a esquerda europeia está em crise — porque não está a revelar ser capaz de defender aquilo em que acredita nem de assumir uma estratégia que se distinga das políticas que a direita adoptou. No fundo, como acontece na entrevista de João Ribeiro ao Expresso, a esquerda europeia tem-se mostrado lacónica e evasiva quando questionada sobre a austeridade e, se pressionada a esclarecer a sua posição, confessa dispor-se a adoptar uma versão soft das políticas da direita.

Por isso, João Ribeiro parece ter acabado de chegar de Marte quando sustenta que “a direita europeia no seu todo está a roubar o discurso ao centro-esquerda”:

4 comentários :

  1. Há mais afirmações que horrorizam na entrevista, como o namoro a um outro PSD que se supõe que seja o do Cavaco ...

    ResponderEliminar
  2. O povo vai dar-lhes a resposta a 29 de Setembro e, nessa altura, espero que os inseguros reajam!

    ResponderEliminar
  3. Os socialistas que nos salvem dos ribeiros instalados nas poltronas do Rato.

    ResponderEliminar