Disse, está dito

Só ontem ao deitar li a entrevista de Helena Sacadura Cabral ao Diário Económico. Eis algumas passagens:

Sobre Passos Coelho

Estamos a perder ou não temos, não só em Portugal mas também lá fora, líderes carismáticos?
Tivemos um Sarkozy, tivemos um Giscard, tivemos um Mitterrand, aquilo era uma barafunda, misturavam a vida pessoal com vida profissional, vida pública com a vida privada. Não somos só nós, nós ainda somos uns ‘puritos', ainda sabemos pouco da vida do primeiro-ministro, sabe-se vagamente, de um casamento com uma rapariga que cantava, do Paulo inventam-se as maiores coisas e loisas...

Sobre Vítor Gaspar

Abandonou o barco?
Abandonou o barco em vésperas de se fechar a sétima negociação... Estados de alma todos nós temos. Estados de alma e a tampa sair, temos. Agora, não se escrevem é depois cartas como aquela. Dizer "não, vou-me embora", sim senhor. Agora, escrever aquela carta... que depois deu origem à que o meu filho também escreveu, que levou a que agora vamos ficar com um novo vocábulo no dicionário português que é "irrevogável". Eu tenho uma procuração para ele que é irrevogável e já estou com medo que essa procuração de plenos poderes, dele para mim e de mim para ele, já não corresponda à verdade.

Sobre a escolha da Miss Swaps

E a causadora desse saltar de tampa terá sido a nova ministra das Finanças?
Não terá sido exactamente isso, mas a nova ministra das Finanças, que eu não tenho a honra de conhecer, mas que estudou na casa onde eu ensinei, por pouco não foi minha aluna, não me lembro da cara dela e o nome não me diz nada... mas sei lá. O problema do Paulo, em relação à dra. Maria Luís, não é um problema da dra. Maria Luís, personificado. Ele não concordava com a política que estava a ser seguida pelo ministro Vítor Gaspar e a dra. Maria Luís é a continuadora dessa política.

Sobre José Sócrates

José Sócrates pode voltar à política?
Acho que é perfeitamente possível. Em política não há mortes. Quantas vezes é que o meu filho já ressuscitou? Um dia vai ressuscitar com certeza. E ele também acredita, pode ter a certeza. O problema é que há mais neste momento. Enquanto ele esteve como primeiro-ministro, a ala socrática tinha muita força e acho que continua a ter, acho que ele continua a ter um peso grande do partido. Se for inteligente não volta já, tem a inteligência de ver como isto evolui. Aos 50 anos, está novíssimo para voltar e quem sabe até para outros voos mais altos.

Está a pensar na Presidência da República?
Se vir o Durão Barroso candidatar-se porque é que não se há-de candidatar o engenheiro Sócrates? Ele ao menos não nos abandonou.

Acha que José Sócrates teria mais hipótese do que Durão Barroso?
Não tenho a menor dúvida.

Votava nele?
Se a outra hipótese fosse Durão Barroso, votava!

Sobre a comunicação social

Há várias linhas defendidas pelo Paulo que têm semelhanças com as que são sustentadas pelo PS?
Acho aliás que o Paulo está em certas coisas bem mais perto do PS moderado. Alguém dizia na televisão - não sei quem, porque nós temos uma série de ilustres comentadores partidários, como sabe. Não estou a entrar no seu campo - mas há dois PS, de facto. Devo dizer que tenho a maior simpatia pessoal pelo eng. Sócrates.

Acho que deve ser uma pessoa que, conhecido na intimidade, deve ter muito mais piada do que o político. Um pouco como o Paulo. Portanto, há pessoas que têm boa imprensa - eu sou esse caso, tenho uma sorte enorme, as pessoas gostam de mim, não sei porquê, mas é um facto. Eu não tenho má imprensa, mas também não sou ninguém. O eng. Sócrates e o Paulo, em graus diferentes, não têm boa imprensa.