quinta-feira, agosto 22, 2013

Farrobodós e briefings

• Fernando Mora Ramos, Farrobodós e briefings [hoje no Público]:
    ‘(…) esclarecer hoje em regime de briefing - coisa neutra, técnica, pura ciência comunicativa (o briefing é, em si, a-ideológico, pura operacionalidade) - seria acrescentar uma voz centralizada do Governo às múltiplas vozes dos seus porta-vozes, e eles são mais que muitos, desde os próprios governantes (a maior parte com a sua agenda privada, não propriamente pessoal mas "interessada") aos porta--vozes, aos economistas partidários, aos economistas da mesma receita, aos porta-vozes parlamentares, mais governamentalistas que parlamentares, e a toda uma imensa miríade de pequenas vozes que vão fazendo essa atmosfera generalizada de opinião convergente a favor da teoria da saída única, a que afasta para os lados da "loucura nem mansa" a saída do euro e a renegociação profunda da dívida. Essa saída única, que é uma via única de fazer tudo em todas as áreas pelo critério único do corte, engorda os mesmos com uma distribuição radical de maior miséria também para os mesmos e com menos democracia também para os mesmos - nem todos querem a democracia, os mercados por exemplo e os seus cegos defensores, mesmo os que se dizem liberais. O que é facto é que neste momento temos a democracia refém dos mercados e o que é facto é que jamais lá regressaremos, à democracia que tivemos. O que está aí não é uma suspensão ou um hiato, é um outro regime, uma espécie de ditadura, para já a emergir light, mas a prazo, muito provavelmente dura.

    (…)

    O próximo briefing, dizem que para Setembro - logo veremos -, será, não se esquecerão e estes jovens explicadores têm explicação para tudo (se assim não for, aqui o pedimos, um briefing pedido como a canção da rádio), sobre Paulo Portas e a sua instalação no Palácio das Laranjeiras. Não só vão explicar bem como é que não saiu de lá nenhum serviço público - estava lá o Arquivo Histórico do Ministério da Educação - depois de anunciado que não deslocariam nenhum serviço, como explicarão que baixos custos foram esses de ao instalar lá o vice-ministro Portas, desinstalando o Arquivo, não foram deitados à rua os custos, significativos, da própria recente - e moderníssima - instalação desse serviço.

    O farrobodó não para, a alma do Conde Farrobo habita agora outro corpo, o século XIX está cada vez mais perto.’

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