sexta-feira, setembro 13, 2013

"Isso não é reforma [do Estado], é corte"


Na edição de 20 de Julho, o Expresso fazia referência a uma entrevista, que iria publicar mais tarde, a Artur Santos Silva, chairman do BPI e presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, e ao cientista Manuel Sobrinho Simões. É esta a notícia:


As semanas foram-se passando… e nada. Estranhei a não publicação da entrevista anunciada e até referi isso aqui. Entretanto, já li a Revista que faz parte da edição de amanhã do Expresso, na qual é, finalmente, publicada a entrevista. Só que… algumas das declarações de Artur Santos Silva não são exactamente iguais às que foram transcritas em 20 de Julho ou desapareceram mesmo (v.g., sobre Cavaco).

E o sumiço acontece exactamente num momento em que as declarações de Artur Santos Silva estão na ordem do dia: “não é cortando nos salários e nas pensões que se vão resolver os problemas das reformas. Isso não é reforma, é corte.” Ou quando referia que as soluções a encontrar para o país “não podem contrariar uma recuperação da procura”.

Em todo o caso, valerá a pena ler o que Artur Santos Silva diz. Eis duas passagens das suas declarações a publicar amanhã pelo Expresso:
    “O ministro das Finanças não se devia ter demitido e, a fazê-lo, não devia ter escrito aquela carta que na primeira parte é um ato de humildade, mas depois é um ato de contradição. Além disso, passa uma lição de incapacidade de liderança ao primeiro-ministro. Acresce que o primeiro-ministro objetivamente impôs uma ministra das Finanças que não tinha o acordo do parceiro de coligação. Foi errado. Em terceiro lugar também foi lamentável a maneira como reagiu o seu parceiro de coligação. (…)”

    “A Europa foi totalmente incapaz de encontrar um caminho. Começou por tratar de maneira mais drástica, exigente e irrealista o que se passou na Grécia, e depois fez a mesma coisa com a Irlanda e Portugal. Em relação a nós, o programa é um desastre. Não acerta minimamente. Nunca cumprimos em nenhuma avaliação os objetivos do défice público. Como houve uma contração brutal da procura, provocámos com isso um aumento do desemprego, uma quebra das receitas fiscais, um aumento dos encargos orçamentais com o desemprego e os apoios sociais. As doenças têm um tratamento típico, mas depois cada doente precisa de ver se a terapêutica se ajusta ou não. Entre nós não adaptamos a terapêutica à reação do doente. Isto é mesmo uma crise brutal, porque o nível de desemprego que estava previsto para este ano era de 13% e vamos chegar com mais de 18% no final. Este é o indicador mais sério.”

6 comentários :

  1. é influencia dos amigos e breefings's americanos, onde o que se diz pode ser alta traição. Alta traição, vejam lá do que eles são capazes de chamar às fdp

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  2. O Expresso é um jornal manhoso*. Estive anos sem o ler e comprar, não sei bem porque o voltei a fazer

    * e o seu principal accionista um "versátil" ex- jornalista, ex- apoiante da primavera marcelista , ex 1º ministro; claro sempre apoiado pelos serventuários a quem ele distribui umas migalhas e uns penachos para lhes fazer crer que são importantes. Pobres diabos ainda não perceberam que são todos descartáveis; o grande-pequeno arquitecto que o diga

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  3. Arrependeu-se do que disse antes?

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  4. O Ulrich falou com o tio Balsas e ficou tudo em águas de bacalhau.

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